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Trilha de "Chega de Saudade" sai antes do filme
Álbum traz Elza Soares e Marku Ribas interpretando canções típicas de salões de baile, tema do longa que estréia em março
Roteirista acredita que "alto astral" do CD ajudará "a criar clima de ansiedade pelo longa'; autor da trilha diz que baile "não é só velharia"
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
"Chega de Saudade", segundo longa de Laís Bodanzky
("Bicho de Sete Cabeças"), estréia no próximo dia 21 de março. Mas uma seleção de músicas da trilha sonora do filme já
chegou às lojas (R$ 25,90).
O roteirista Luiz Bolognesi
diz que, na preparação do filme,
cuja trama se desenrola numa
única noite, durante um baile
para a terceira idade, "a trilha
chegou antes dos atores, das
equipes de arte e fotografia".
Por isso, segundo Bolognesi,
"pareceu natural" que a antecedência se desse também na hora do contato com o público.
"Além disso, achamos a trilha
tão alto astral e surpreendente
que acreditamos que, saindo na
frente, vai ajudar muito a criar
um clima de ansiedade para ver
o filme", afirma o roteirista.
O álbum traz Elza Soares e
Marku Ribas (que representam
a dupla de crooners no filme)
interpretando seis canções freqüentes no repertório dos bailes de salão.
Quem participou da seleção
do repertório e reuniu os músicos da banda Luar de Prata, que
executam os arranjos, foi o produtor musical BiD.
Para descobrir o que é sucesso nesse tipo de baile, BiD foi a
campo. Além de freqüentar as
noites dançantes dos salões, o
produtor procurou conversar
com os DJs responsáveis por
manter na pista os casais.
Para sua surpresa, BiD descobriu que "não é só velharia" o
que cai no gosto dos pés-de-valsa. "Cheguei a ouvir até Tribalistas em bailes. Eles também
tocam sucessos atuais", diz.
Martinho da Vila
Outra descoberta do produtor foi a de que "é definitivo ter
Martinho da Vila" no repertório desses bailes. Talvez por isso, Martinho da Vila seja dos
primeiros a se ouvir no filme
"Chega de Saudade", com "Disritmia", a do refrão "vem logo/
vem curar seu nego/que chegou de porre/lá da boêmia".
Mas nem "Disritmia", nem
nenhuma outra composição de
Martinho da Vila estão no CD
"Chega de Saudade".
"A gente achou melhor fazer
só o CD da banda do baile [Luar
de Prata], para não ter que negociar com as gravadoras a parte de execução", afirma BiD.
Isso quer dizer que, se incorporasse ao CD gravações já
existentes, o produtor teria de
pagar não só os direitos autorais devidos ao compositor,
mas também o uso do fonograma, ou seja, a performance executada em estúdio pelos músicos participantes da gravação.
Razões financeiras também
afastaram da trilha do longa
músicas que BiD pretendia ter
nela, como "Your Song" (Billy
Paul) e "Smoke Gets in your
Eyes" (The Platters).
"Uma dificuldade no trabalho foi a liberação de uso e negociação com editoras, que geralmente crescem o olho em situações como essa", diz BiD.
"Mundo interior"
O resultado final, contudo,
satisfez a expectativa de Bolognesi de tornar a música um elemento narrativo do filme.
"Várias canções [identificadas na pesquisa de repertório]
foram incorporadas ao roteiro
porque deixavam de ser um
molho externo para as cenas e
agiam como revelação do mundo interior das personagens.
Exemplo que está no CD é "Não
deixe o Samba Morrer", que é
uma metáfora do confronto
com a morte e a pulsão de vida
que lateja nesses salões", diz.
"Não Deixe o Samba Morrer"
abre o CD "Chega de Saudade".
Quando cantada no filme, foi
aplaudida em cena aberta pelo
público da edição 2007 do Festival de Brasília, que elegeu
"Chega de Saudade" como o
melhor filme da competição.
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