São Paulo, segunda-feira, 04 de fevereiro de 2008

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Trilha de "Chega de Saudade" sai antes do filme

Álbum traz Elza Soares e Marku Ribas interpretando canções típicas de salões de baile, tema do longa que estréia em março

Roteirista acredita que "alto astral" do CD ajudará "a criar clima de ansiedade pelo longa'; autor da trilha diz que baile "não é só velharia"

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

"Chega de Saudade", segundo longa de Laís Bodanzky ("Bicho de Sete Cabeças"), estréia no próximo dia 21 de março. Mas uma seleção de músicas da trilha sonora do filme já chegou às lojas (R$ 25,90).
O roteirista Luiz Bolognesi diz que, na preparação do filme, cuja trama se desenrola numa única noite, durante um baile para a terceira idade, "a trilha chegou antes dos atores, das equipes de arte e fotografia".
Por isso, segundo Bolognesi, "pareceu natural" que a antecedência se desse também na hora do contato com o público.
"Além disso, achamos a trilha tão alto astral e surpreendente que acreditamos que, saindo na frente, vai ajudar muito a criar um clima de ansiedade para ver o filme", afirma o roteirista.
O álbum traz Elza Soares e Marku Ribas (que representam a dupla de crooners no filme) interpretando seis canções freqüentes no repertório dos bailes de salão.
Quem participou da seleção do repertório e reuniu os músicos da banda Luar de Prata, que executam os arranjos, foi o produtor musical BiD.
Para descobrir o que é sucesso nesse tipo de baile, BiD foi a campo. Além de freqüentar as noites dançantes dos salões, o produtor procurou conversar com os DJs responsáveis por manter na pista os casais.
Para sua surpresa, BiD descobriu que "não é só velharia" o que cai no gosto dos pés-de-valsa. "Cheguei a ouvir até Tribalistas em bailes. Eles também tocam sucessos atuais", diz.

Martinho da Vila
Outra descoberta do produtor foi a de que "é definitivo ter Martinho da Vila" no repertório desses bailes. Talvez por isso, Martinho da Vila seja dos primeiros a se ouvir no filme "Chega de Saudade", com "Disritmia", a do refrão "vem logo/ vem curar seu nego/que chegou de porre/lá da boêmia".
Mas nem "Disritmia", nem nenhuma outra composição de Martinho da Vila estão no CD "Chega de Saudade".
"A gente achou melhor fazer só o CD da banda do baile [Luar de Prata], para não ter que negociar com as gravadoras a parte de execução", afirma BiD.
Isso quer dizer que, se incorporasse ao CD gravações já existentes, o produtor teria de pagar não só os direitos autorais devidos ao compositor, mas também o uso do fonograma, ou seja, a performance executada em estúdio pelos músicos participantes da gravação.
Razões financeiras também afastaram da trilha do longa músicas que BiD pretendia ter nela, como "Your Song" (Billy Paul) e "Smoke Gets in your Eyes" (The Platters).
"Uma dificuldade no trabalho foi a liberação de uso e negociação com editoras, que geralmente crescem o olho em situações como essa", diz BiD.

"Mundo interior"
O resultado final, contudo, satisfez a expectativa de Bolognesi de tornar a música um elemento narrativo do filme.
"Várias canções [identificadas na pesquisa de repertório] foram incorporadas ao roteiro porque deixavam de ser um molho externo para as cenas e agiam como revelação do mundo interior das personagens. Exemplo que está no CD é "Não deixe o Samba Morrer", que é uma metáfora do confronto com a morte e a pulsão de vida que lateja nesses salões", diz.
"Não Deixe o Samba Morrer" abre o CD "Chega de Saudade". Quando cantada no filme, foi aplaudida em cena aberta pelo público da edição 2007 do Festival de Brasília, que elegeu "Chega de Saudade" como o melhor filme da competição.


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