São Paulo, sexta-feira, 04 de fevereiro de 2011

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CRÍTICA DRAMA

Atuação de Bale é como efeito especial de longa convencional

RICARDO CALIL
CRÍTICO DA FOLHA

Micky Ward (Mark Wahlberg) está na pior. Ele perde uma luta após a outra. Seu irmão e treinador (Christian Bale) se vicia em crack e atrapalha sua carreira. Sua mãe e empresária (Melissa Leo) aceita lutas contra oponentes mais pesados e coloca sua vida em risco.
E aí as coisas pioram um pouco mais. Ele quebra a mão numa briga com a polícia, seu irmão vai preso, sua mãe briga com a namorada que tenta reerguê-lo (Amy Adams). E, então, Micky desiste da carreira. Ele precisa bater no fundo do poço antes de começar a subir de novo.
Baseado numa história real, "O Vencedor" é um filme sobre superação pessoal ambientado no mundo do boxe. Mas é, sobretudo, uma fábula sobre lealdade familiar, sobre um sujeito que não desiste dos parentes que, mesmo sem querer, sabotam sua vida.
O dado mais interessante de "O Vencedor" é como essa generosidade se reflete também no jogo de atuações. O protagonista Wahlberg -também produtor do filme- adotou uma interpretação quase opaca e abriu espaço para os outros atores brilharem, em especial Bale.
O resultado se traduziu em indicações ao Oscar: Bale, Leo e Adams concorrem como coadjuvantes; Wahlberg foi indicado como produtor, mas não como ator. Uma mostra de que a premiação sempre preferiu o "overacting" ao minimalismo e de que Wahlberg trabalhou mais pelo filme do que por si.
O gênero de "O Vencedor" poderia ser definido como drama esportivo ou algo nessa linha. Mas, no fundo, ele faz parte de um grupo mais específico: filme convencional, de produção modesta, carregado pelos atores e reconhecido pelo Oscar -como provam os exemplos recentes de "Coração Louco" (2009) e "Preciosa" (2009).
De resto, "O Vencedor" é um trabalho prosaico, que poderia ter sido feito para a TV. O diretor David O. Russell ("Três Reis", 1999) já não é mais o garoto prodígio de Hollywood e parece satisfeito em contar dignamente uma história previsível.
O único diferencial de "O Vencedor" reside no show de interpretações de Bale, Leo e Adams. De certa forma, este é o efeito especial desse tipo de filme. E, como em todo efeito, há um tanto de beleza no resultado, mas também muito de artifício.

O VENCEDOR

DIREÇÃO David O. Russell
PRODUÇÃO EUA, 2010
COM Mark Wahlberg, Christian Bale e Amy Adams
ONDE nos cines Bristol, Cidade Jardim, Kinoplex Itaim e circuito
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO regular


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