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ARTE
Em visita ao Rio, Jay Levenson diz que participação nacional em mostras nos EUA deve crescer e critica filiais pelo mundo
Diretor do MoMA quer mais Brasil em NY
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
O diretor internacional do MoMA (Museu de Arte Moderna de
Nova York), Jay Levenson, está no
Rio. Mas, ao contrário de seus colegas de Guggenheim, não tem
planos de se encontrar com o prefeito Cesar Maia para propor
qualquer parceria visando à exportação da marca de seu museu.
"Nosso melhor trabalho é em
Nova York. Entendemos o público, temos uma relação profunda
com a cidade. Somos representados fora dos Estados Unidos por
exposições, publicações, mas não
por museus", afirma ele.
Levenson, 56, veio ao Brasil para
falar da relação do MoMA com
Nova York. Este é o tema da palestra que faz hoje, às 14h30, no auditório do Palácio Gustavo Capanema, encerrando o seminário
"Museus: Pontes entre Culturas",
organizado pelo Instituto Arte Viva e o Departamento de Museus
do Ministério da Cultura.
"[A relação] sofreu uma mudança importante. O MoMA jamais havia recebido recursos públicos, mas, para a grande reforma do prédio, a cidade [prefeitura] entrou com US$ 65 milhões
[R$ 170 milhões] e o Estado [de
Nova York] com US$ 10 milhões
[R$ 26 milhões]", conta.
A reforma, comandada pelo arquiteto Yoshio Taniguchi, deixou
o museu fechado por quase três
anos -o espaço foi reaberto no
fim do ano passado. Nesse período, o MoMA realizou mostras na
filial no Queens e em outros espaços da cidade.
Foi no Museo del Barrio, por
exemplo, que aconteceu em 2004
uma grande exposição de arte latino-americana feita a partir da
coleção do MoMA. Beatriz Milhazes, Cildo Meireles e Vik Muniz
estavam entre os brasileiros.
"A cena artística brasileira tem
despertado muito interesse internacional. A tendência é que haja
mais exposições de brasileiros em
Nova York. E a relação do MoMA
com o Brasil é cada vez mais forte", diz ele, que não quis citar nomes de artistas em alta, para não
despertar ciúmes, quebrando a
regra apenas com Vik Muniz.
Além de ter tido, recentemente,
o crítico Paulo Herkenhoff na sua
equipe de curadores, o museu
conta no seu Conselho Internacional com Gilberto Chateaubriand, Frances Marinho e Israel
Klabin, que indicam brasileiros
para a coleção. Mas Levenson diz
que pretende trazer curadores para visitar ateliês e instituições.
Na passagem pelo Rio, está cuidando só do segundo segmento:
tinha visitas previstas ao MAM,
ao Museu Nacional de Belas Artes
e ao CCBB.
"O problema em toda a América Latina é que a maioria dos museus é pública, depende de governos, e a competição com outros
serviços sociais [por verbas] é
particularmente difícil. Acredito
que os museus são tão ligados à
identidade nacional que deveriam ter um suporte especial",
afirma, defendendo modelo que
dê estabilidade às instituições.
Embora o MoMA seja um
exemplo perfeito de museu privado, que vive de gordas quantias
doadas por pessoas físicas e jurídicas, Levenson reconhece que há
momentos em que a ação do Estado é fundamental.
"Eu adoraria, por exemplo, fazer exposições na China e levar
outras para Nova York, mas não
há patrocinadores, porque é muito caro. Na França, por causa da
visita do presidente Jacques Chirac [em 2004, que o foi o Ano da
China na França], os museus conseguiram. Sem base governamental, seria muito difícil", diz.
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