São Paulo, sexta-feira, 04 de março de 2005

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ARTE

Em visita ao Rio, Jay Levenson diz que participação nacional em mostras nos EUA deve crescer e critica filiais pelo mundo

Diretor do MoMA quer mais Brasil em NY

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

O diretor internacional do MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York), Jay Levenson, está no Rio. Mas, ao contrário de seus colegas de Guggenheim, não tem planos de se encontrar com o prefeito Cesar Maia para propor qualquer parceria visando à exportação da marca de seu museu.
"Nosso melhor trabalho é em Nova York. Entendemos o público, temos uma relação profunda com a cidade. Somos representados fora dos Estados Unidos por exposições, publicações, mas não por museus", afirma ele.
Levenson, 56, veio ao Brasil para falar da relação do MoMA com Nova York. Este é o tema da palestra que faz hoje, às 14h30, no auditório do Palácio Gustavo Capanema, encerrando o seminário "Museus: Pontes entre Culturas", organizado pelo Instituto Arte Viva e o Departamento de Museus do Ministério da Cultura.
"[A relação] sofreu uma mudança importante. O MoMA jamais havia recebido recursos públicos, mas, para a grande reforma do prédio, a cidade [prefeitura] entrou com US$ 65 milhões [R$ 170 milhões] e o Estado [de Nova York] com US$ 10 milhões [R$ 26 milhões]", conta.
A reforma, comandada pelo arquiteto Yoshio Taniguchi, deixou o museu fechado por quase três anos -o espaço foi reaberto no fim do ano passado. Nesse período, o MoMA realizou mostras na filial no Queens e em outros espaços da cidade.
Foi no Museo del Barrio, por exemplo, que aconteceu em 2004 uma grande exposição de arte latino-americana feita a partir da coleção do MoMA. Beatriz Milhazes, Cildo Meireles e Vik Muniz estavam entre os brasileiros.
"A cena artística brasileira tem despertado muito interesse internacional. A tendência é que haja mais exposições de brasileiros em Nova York. E a relação do MoMA com o Brasil é cada vez mais forte", diz ele, que não quis citar nomes de artistas em alta, para não despertar ciúmes, quebrando a regra apenas com Vik Muniz.
Além de ter tido, recentemente, o crítico Paulo Herkenhoff na sua equipe de curadores, o museu conta no seu Conselho Internacional com Gilberto Chateaubriand, Frances Marinho e Israel Klabin, que indicam brasileiros para a coleção. Mas Levenson diz que pretende trazer curadores para visitar ateliês e instituições.
Na passagem pelo Rio, está cuidando só do segundo segmento: tinha visitas previstas ao MAM, ao Museu Nacional de Belas Artes e ao CCBB.
"O problema em toda a América Latina é que a maioria dos museus é pública, depende de governos, e a competição com outros serviços sociais [por verbas] é particularmente difícil. Acredito que os museus são tão ligados à identidade nacional que deveriam ter um suporte especial", afirma, defendendo modelo que dê estabilidade às instituições.
Embora o MoMA seja um exemplo perfeito de museu privado, que vive de gordas quantias doadas por pessoas físicas e jurídicas, Levenson reconhece que há momentos em que a ação do Estado é fundamental.
"Eu adoraria, por exemplo, fazer exposições na China e levar outras para Nova York, mas não há patrocinadores, porque é muito caro. Na França, por causa da visita do presidente Jacques Chirac [em 2004, que o foi o Ano da China na França], os museus conseguiram. Sem base governamental, seria muito difícil", diz.


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