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Entidades buscam patrocínios para o Ano do Brasil na França
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
A saída da cena cultural da BrasilConnects -entidade presidida
pelo banqueiro Edemar Cid Ferreira, proprietário do Banco Santos, que, após a intervenção do
Banco Central, no ano passado, e
os escândalos decorrentes da medida, determinaram a extinção da
entidade- já provoca dificuldades para conseguir patrocínio
destinado a exposições de grande
porte fora do Brasil.
Ontem, uma entrevista coletiva
reuniu, em São Paulo, o ministro
da Cultura, Gilberto Gil, o presidente da Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo (Fiesp),
Paulo Skaf, e o presidente da Fundação Bienal, Manoel Francisco
Pires da Costa.
Sem dúvida um grupo influente
no país, os participantes anunciaram que ainda estão em busca de
patrocínio para três exposições
-uma a ser inaugurada no próximo dia 21, no Grand Palais, em
Paris, justamente a que abre a
temporada do Ano do Brasil na
França.
Orçada em R$ 6 milhões, a exposição "Brasil Índio: As Artes
dos Ameríndios" precisa de R$ 2
milhões para ser realizada. Segundo a Folha apurou, empresas que
já tinham se comprometido em
patrocinar a mostra decidiram retirar o apoio, após a intervenção
no Banco Santos.
O ministro da Cultura buscou
minimizar a situação. "As dificuldades estão superadas, a iniciativa
está mantida", disse.
Segundo Pires da Costa, "as exposições já estavam praticamente
prontas; o valor necessário é pequeno pois grande parte já tinha
sido consumido".
Segundo Emílio Kalil, que era
presidente-executivo da BrasilConnects e agora dirige uma empresa chamada Gabinete de Cultura -encarregada de dar prosseguimento às exposições programadas pela BrasilConnects-, os
R$ 4 milhões já gastos foram pagos em parte pelo próprio Ministério da Cultura e em parte pela
BrasilConnects, que buscaria depois patrocínio. Para Kalil, "já
existem empresas que vão dar o
apoio, mas elas querem, elas mesmas, anunciar a decisão".
Não foi bem o que disse Skaf,
que explicou a participação de sua
entidade na temporada. "A Fiesp
não vai dar dinheiro, vamos alavancar o patrocínio de empresas,
já apresentamos a proposta a vários diretores e estamos aguardando as respostas", disse ontem.
Ano do Brasil na França
Além da mostra no próximo dia
21, outras duas estão programadas para setembro, em Paris, dentro do pacote de R$ 2 milhões a serem levantados: uma instalação
do artista baiano Marepe, no Centro Pompidou, e uma exposição
de fotografias de Miguel Rio
Branco, na Maison Européenne
de la Photographie, que cancelou
outra programada, com a coleção
de imagens de Cid Ferreira.
As três mostras, entretanto, representam uma pequena parcela
dos mais de 250 eventos programados para o Ano do Brasil na
França e que, segundo Gil, estão
orçados em cerca de R$ 80 milhões, metade a ser desembolsada
pelo país e a outra parte como
contrapartida francesa.
Dos R$ 40 milhões a serem gastos pelo Brasil, R$ 22 milhões serão pagos pelo governo, sendo R$
10 milhões por estatais. Ainda segundo o ministro da Cultura, o
anunciado corte no Orçamento
não deve afetar a programação
pois "esses eventos não estão incluídos no Orçamento".
Entre os eventos programados
para este ano, foi definido que o
presidente Lula irá desfilar com o
presidente francês, Jacques Chirac, em pleno Champs Elysées, no
dia 14 de julho, data comemorativa da Revolução Francesa de 1789.
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