São Paulo, sexta-feira, 04 de março de 2005

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Entidades buscam patrocínios para o Ano do Brasil na França

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

A saída da cena cultural da BrasilConnects -entidade presidida pelo banqueiro Edemar Cid Ferreira, proprietário do Banco Santos, que, após a intervenção do Banco Central, no ano passado, e os escândalos decorrentes da medida, determinaram a extinção da entidade- já provoca dificuldades para conseguir patrocínio destinado a exposições de grande porte fora do Brasil.
Ontem, uma entrevista coletiva reuniu, em São Paulo, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, e o presidente da Fundação Bienal, Manoel Francisco Pires da Costa.
Sem dúvida um grupo influente no país, os participantes anunciaram que ainda estão em busca de patrocínio para três exposições -uma a ser inaugurada no próximo dia 21, no Grand Palais, em Paris, justamente a que abre a temporada do Ano do Brasil na França.
Orçada em R$ 6 milhões, a exposição "Brasil Índio: As Artes dos Ameríndios" precisa de R$ 2 milhões para ser realizada. Segundo a Folha apurou, empresas que já tinham se comprometido em patrocinar a mostra decidiram retirar o apoio, após a intervenção no Banco Santos.
O ministro da Cultura buscou minimizar a situação. "As dificuldades estão superadas, a iniciativa está mantida", disse.
Segundo Pires da Costa, "as exposições já estavam praticamente prontas; o valor necessário é pequeno pois grande parte já tinha sido consumido".
Segundo Emílio Kalil, que era presidente-executivo da BrasilConnects e agora dirige uma empresa chamada Gabinete de Cultura -encarregada de dar prosseguimento às exposições programadas pela BrasilConnects-, os R$ 4 milhões já gastos foram pagos em parte pelo próprio Ministério da Cultura e em parte pela BrasilConnects, que buscaria depois patrocínio. Para Kalil, "já existem empresas que vão dar o apoio, mas elas querem, elas mesmas, anunciar a decisão".
Não foi bem o que disse Skaf, que explicou a participação de sua entidade na temporada. "A Fiesp não vai dar dinheiro, vamos alavancar o patrocínio de empresas, já apresentamos a proposta a vários diretores e estamos aguardando as respostas", disse ontem.

Ano do Brasil na França
Além da mostra no próximo dia 21, outras duas estão programadas para setembro, em Paris, dentro do pacote de R$ 2 milhões a serem levantados: uma instalação do artista baiano Marepe, no Centro Pompidou, e uma exposição de fotografias de Miguel Rio Branco, na Maison Européenne de la Photographie, que cancelou outra programada, com a coleção de imagens de Cid Ferreira.
As três mostras, entretanto, representam uma pequena parcela dos mais de 250 eventos programados para o Ano do Brasil na França e que, segundo Gil, estão orçados em cerca de R$ 80 milhões, metade a ser desembolsada pelo país e a outra parte como contrapartida francesa.
Dos R$ 40 milhões a serem gastos pelo Brasil, R$ 22 milhões serão pagos pelo governo, sendo R$ 10 milhões por estatais. Ainda segundo o ministro da Cultura, o anunciado corte no Orçamento não deve afetar a programação pois "esses eventos não estão incluídos no Orçamento".
Entre os eventos programados para este ano, foi definido que o presidente Lula irá desfilar com o presidente francês, Jacques Chirac, em pleno Champs Elysées, no dia 14 de julho, data comemorativa da Revolução Francesa de 1789.


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