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CDS
AO VIVO
Show no Cine Íris vem acompanhado de filme da gravação de "Ventura"
DVD mostra trajetória do Los Hermanos sem maquiagem
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi-se aquele tempo em que a
única música que os fãs dos Los
Hermanos cantavam em uníssono era a famigerada "Anna Júlia".
Seja porque deixaram de incluí-la
no repertório dos shows, seja porque lançaram dois ótimos discos
na seqüência, "Bloco do Eu Sozinho" (2001) e "Ventura" (2003),
os cariocas há muito deixaram de
ser uma banda de um hit só.
Pois a apresentação gravada por
Eduardo Valente para o DVD
"Los Hermanos no Cine Íris", lançado agora pela BMG, elenca pelo
menos 20 deles, todos acompanhados a plenos pulmões pelos
fãs que lotaram o antigo cinema
do Rio de Janeiro naquele 28 de
junho de 2004. Há "O Vencedor",
em que Marcelo Camelo simplesmente cala para ouvir os primeiros versos cantados pelo público;
"Retrato pra Iaiá", em que é Rodrigo Amarante quem divide a
bola com a platéia; ou ainda a melosa "Sentimental", hino para a
nova geração de adolescentes que
já prefere as barbas de Camelo às
tatuagens do braço de Chorão.
É, no mínimo, uma feliz constatação que os hermanos Camelo,
Amarante, Medina e Barba tenham conseguido "tudo isso" sozinhos, sem muito apoio da gravadora, no caso de "Bloco...", pela
Abril, ou quase nenhum, quando
"Ventura" foi deixado a ver navios com o fim da "major"
-"Acabooou!!!", comemoram
os rapazes, meio nervosos, depois
de ficarem sabendo da notícia por
um informe da agência Reuters.
Tudo está documentado no
DVD. Não só essas passagens, digamos, históricas mas também
todo o processo de gravação do
último e mais recente álbum,
"Ventura". Nada de produtores
estrelas tendo pitis, de estúdios
caríssimos ou de composições à
base de bebedeira em quartos luxuosos de hotéis. Filmado por
dois colegas de faculdade, o documentário "Além do que se Vê"
acompanha o dia-a-dia dos músicos em um sítio do interior do
Rio, descabelados, camisetas furadas, mas pensando, fazendo,
respirando e brincando música.
Como um "Fama" produzido
com baixo orçamento, o documentário cumpre a função de um
autêntico "reality-show", com direito a versões inacabadas das
canções, ensaios repetitivos
-mas não cansativos, para quem
gosta- e até incursões na cabeça
dos hermanos: "Não
consigo mais usar essas palavras como
"azedume'", reclama
Camelo, logo após
rabiscar um "quinhão" e um "dessabores" em seu caderninho de anotações.
Não consegue maltratar a língua.
Por fim, mesmo os órfãos incorrigíveis de "Anna Júlia" não terão
do que reclamar. Em uma de suas
passagens, o DVD mostra Camelo
e Amarante improvisando uma
bela versão acústica da canção,
por quem, um dia, até a guitarra
de George Harrison já chorou.
Los Hermanos no Cine Íris - 28 de junho de 2004
Artista: Los Hermanos
Gravadora: BMG
Preço: R$ 40
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