São Paulo, sexta-feira, 04 de março de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CDS

AO VIVO

Show no Cine Íris vem acompanhado de filme da gravação de "Ventura"

DVD mostra trajetória do Los Hermanos sem maquiagem

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi-se aquele tempo em que a única música que os fãs dos Los Hermanos cantavam em uníssono era a famigerada "Anna Júlia". Seja porque deixaram de incluí-la no repertório dos shows, seja porque lançaram dois ótimos discos na seqüência, "Bloco do Eu Sozinho" (2001) e "Ventura" (2003), os cariocas há muito deixaram de ser uma banda de um hit só.
Pois a apresentação gravada por Eduardo Valente para o DVD "Los Hermanos no Cine Íris", lançado agora pela BMG, elenca pelo menos 20 deles, todos acompanhados a plenos pulmões pelos fãs que lotaram o antigo cinema do Rio de Janeiro naquele 28 de junho de 2004. Há "O Vencedor", em que Marcelo Camelo simplesmente cala para ouvir os primeiros versos cantados pelo público; "Retrato pra Iaiá", em que é Rodrigo Amarante quem divide a bola com a platéia; ou ainda a melosa "Sentimental", hino para a nova geração de adolescentes que já prefere as barbas de Camelo às tatuagens do braço de Chorão.
É, no mínimo, uma feliz constatação que os hermanos Camelo, Amarante, Medina e Barba tenham conseguido "tudo isso" sozinhos, sem muito apoio da gravadora, no caso de "Bloco...", pela Abril, ou quase nenhum, quando "Ventura" foi deixado a ver navios com o fim da "major" -"Acabooou!!!", comemoram os rapazes, meio nervosos, depois de ficarem sabendo da notícia por um informe da agência Reuters.
Tudo está documentado no DVD. Não só essas passagens, digamos, históricas mas também todo o processo de gravação do último e mais recente álbum, "Ventura". Nada de produtores estrelas tendo pitis, de estúdios caríssimos ou de composições à base de bebedeira em quartos luxuosos de hotéis. Filmado por dois colegas de faculdade, o documentário "Além do que se Vê" acompanha o dia-a-dia dos músicos em um sítio do interior do Rio, descabelados, camisetas furadas, mas pensando, fazendo, respirando e brincando música.
Como um "Fama" produzido com baixo orçamento, o documentário cumpre a função de um autêntico "reality-show", com direito a versões inacabadas das canções, ensaios repetitivos -mas não cansativos, para quem gosta- e até incursões na cabeça dos hermanos: "Não consigo mais usar essas palavras como "azedume'", reclama Camelo, logo após rabiscar um "quinhão" e um "dessabores" em seu caderninho de anotações. Não consegue maltratar a língua.
Por fim, mesmo os órfãos incorrigíveis de "Anna Júlia" não terão do que reclamar. Em uma de suas passagens, o DVD mostra Camelo e Amarante improvisando uma bela versão acústica da canção, por quem, um dia, até a guitarra de George Harrison já chorou.


Los Hermanos no Cine Íris - 28 de junho de 2004
    
Artista: Los Hermanos

Gravadora: BMG

Preço: R$ 40


Texto Anterior: Artes: Morre Paulina Nemirovsky, dona de expressiva coleção modernista
Próximo Texto: MTV grava acústico especial com bandas gaúchas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.