São Paulo, Quinta-feira, 04 de Março de 1999
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RELÂMPAGOS

O segurança

JOÃO GILBERTO NOLL

Um dia ele vai me encarar sem disfarces. Conhecerá meu caratê mental. E pedirei um miserável favor: que deixe de me olhar de sua trincheira anestesiada. Certo, tratava-se de um segurança do shopping: dissimulando-se seguia meus movimentos, a asfixiar meus rumos para a tarde. Sério: assim eu não podia prosseguir. Então parei nas barbas dele. Esquentei as turbinas, rosnei. Ele parecia a ponto de me conduzir às câmaras reservadas aos suspeitos. Esturrava-se todo por dentro. Na aparência, a fixidez de cera. Para jogar água fria, falei: "Sou fraco". E fui embora, murmurando opacas queixas para os que passavam.


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