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CRÍTICA
Uma Frida que sofre menos
DO CRÍTICO DA FOLHA
Os melhores filmes sobre pintores são despidos de pretensões artísticas. Caso, por exemplo, do "Van Gogh" de Maurice Pialat, que evita clichês como
a reprodução em "tableaux vivants" de obras do pintor. Não é o
caso de "Frida", filme visivelmente dirigido por um artista plástico.
A diretora Julie Taymor é uma
típica artista contemporânea, que
atua em várias frentes. Diferentemente de um Peter Greenaway,
Taymor prefere um registro mais
suave, mais pop. Em "Frida", ao
menos, ela não pinta os atores de
azul e vermelho, como havia feito
em seu primeiro filme, "Titus". A
marca "artística" aparece aqui e
ali, em um delírio da personagem,
em alguns "tableaux vivants", e
no final 100% alegórico.
Ao se esforçar para cobrir tantos aspectos da vida da pintora
mexicana (familiares, sexuais, políticos, estéticos), o roteiro deixa
escapar o principal: com o pretexto de reforçar aspectos afirmativos, suaviza-se o sofrimento de Frida, que teve pólio quando
criança e ainda conviveu com as
conseqüências do acidente de
ônibus de que foi vítima na juventude. No filme ela é capaz de subir, lépida, uma pirâmide.
Como todas as cinebiografias
extensivas, essa seria totalmente
ordinária não fosse a paixão de
Salma Hayek. É a atriz a grande
responsável por momentos de
sincera comoção.
(PEDRO BUTCHER)
Frida
Idem
Produção: EUA, 2001
Direção: Julie Taymor
Com: Salma Hayek, Alfred Molina
Quando: a partir de hoje nos cines Belas
Artes, Jardim Sul, Villa-Lobos e circuito
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