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São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2003

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CRÍTICA

Uma Frida que sofre menos

DO CRÍTICO DA FOLHA

Os melhores filmes sobre pintores são despidos de pretensões artísticas. Caso, por exemplo, do "Van Gogh" de Maurice Pialat, que evita clichês como a reprodução em "tableaux vivants" de obras do pintor. Não é o caso de "Frida", filme visivelmente dirigido por um artista plástico.
A diretora Julie Taymor é uma típica artista contemporânea, que atua em várias frentes. Diferentemente de um Peter Greenaway, Taymor prefere um registro mais suave, mais pop. Em "Frida", ao menos, ela não pinta os atores de azul e vermelho, como havia feito em seu primeiro filme, "Titus". A marca "artística" aparece aqui e ali, em um delírio da personagem, em alguns "tableaux vivants", e no final 100% alegórico.
Ao se esforçar para cobrir tantos aspectos da vida da pintora mexicana (familiares, sexuais, políticos, estéticos), o roteiro deixa escapar o principal: com o pretexto de reforçar aspectos afirmativos, suaviza-se o sofrimento de Frida, que teve pólio quando criança e ainda conviveu com as conseqüências do acidente de ônibus de que foi vítima na juventude. No filme ela é capaz de subir, lépida, uma pirâmide.
Como todas as cinebiografias extensivas, essa seria totalmente ordinária não fosse a paixão de Salma Hayek. É a atriz a grande responsável por momentos de sincera comoção.
(PEDRO BUTCHER)


Frida
Idem
  
Produção: EUA, 2001
Direção: Julie Taymor
Com: Salma Hayek, Alfred Molina
Quando: a partir de hoje nos cines Belas Artes, Jardim Sul, Villa-Lobos e circuito



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