São Paulo, quarta-feira, 04 de abril de 2007

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A reinvenção da Disney

"A Família do Futuro", primeiro longa de animação do estúdio após a compra da Pixar, é um passo no processo de recriação da marca, desta vez em direção à tecnologia mais avançada

Divulgação
Os personagens de "A Família do Futuro", longa de animação inspirado em livro de William Joyce


PEDRO BUTCHER
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

Walt Disney morreu há 41 anos, mas a marca Disney continua aparentemente imbatível. Sua permanência no mundo do entretenimento, no entanto, é uma saga mais próxima de um novelão como "Dallas" do que de uma fábula como "Branca de Neve".
Hoje um imenso conglomerado que inclui um dos maiores estúdios de Hollywood, 11 parques temáticos e vários canais de televisão -incluindo a americana ABC-, The Walt Disney Company começou em 1923 como um pequeno estúdio de curtas de animação.
Essa trajetória de acúmulo de dinheiro e poder sofreu profundos abalos, principalmente a partir da morte de Walt Disney -o homem que deu significado à marca-, em 1966. Mas a capacidade de reinvenção, pelo menos por enquanto, tem prevalecido.
"A Família do Futuro", a mais nova produção da Disney, é o melhor exemplo. O filme, que arrecadou, na estréia, nos EUA, US$ 25,1 milhões, está hoje em pré-estréia em São Paulo e entra em cartaz amanhã em circuito maior. Ao mesmo tempo em que dá um passo importante em direção à mais avançada tecnologia (o formato 3D digital estereoscópico), o filme é uma homenagem ao Disney empreendedor e parece ter sido construído como uma grande (e suave) metáfora dessa trajetória.
"Vi nessa história reflexos de características que admirei em Walt Disney, principalmente no final de sua vida. Quando me deparei com essa frase dita por ele -"Aqui nós não olhamos para trás por muito tempo. Continuamos seguindo em frente, abrindo novas portas e fazendo coisas novas'-, fiz questão de incluí-la no filme, que é, antes de tudo, uma celebração de Walt Disney e de sua capacidade de se reinventar, mesmo nos piores momentos", disse à Folha o diretor Stephen J. Anderson, no lançamento do filme, na EuroDisney, na França.

Pixar
Ironicamente, Anderson foi atropelado pela mais recente reestruturação da Disney. "A Família do Futuro" é a primeira realização do estúdio depois da compra da Pixar. Sob o comando de John Lasseter, a Pixar revolucionou a animação computadorizada com "Toy Story" (1995). Lasseter tinha um acordo de distribuição com a Disney, mas virou, ele mesmo, um gigante no ramo -a ponto de a Disney não ver outra saída para sua sobrevivência a não ser absorvê-lo. O negócio foi fechado em janeiro de 2006, por US$ 7,4 bilhões. Lasseter virou um dos executivos principais da Disney.
"Um ano atrás, quando já tínhamos 85% da animação pronta, Lasseter e o pessoal da Pixar trouxeram um olhar fresco e novas idéias, que só contribuíram para o filme". As palavras do diretor suavizam uma crise mais profunda. Na verdade, Lasseter preparou um amplo relatório com várias notas, sugerindo mudanças. Conta a produtora Dorothy McKin: "Entreguei o relatório a Stephen e lhe dei uns dias para pensar, enquanto continuamos a trabalhar no que podia ser feito. Ele pegou o relatório e, a partir dele, fez suas próprias observações, adaptando as sugestões à sua visão do filme".
Segundo Dorothy, nenhum personagem foi retirado ou adicionado, mas nada menos que 60% do filme foi refeito. "As observações de Lasseter trouxeram mais emoção para a história, alterando, principalmente, o terço final do filme", conta.
"Meu papel foi proteger Steve e garantir que sua visão fosse preservada. Ao mesmo tempo, fiquei extremamente empolgada quando Lasseter entrou no projeto, porque, para mim, ele é o Walt Disney de hoje".

O crítico PEDRO BUTCHER viajou a convite da Buena Vista International.

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