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Wagner Tiso homenageia Edu Lobo
Regendo sinfônica, pianista e arranjador abre hoje novo "round" da série MPB & Jazz, no Canecão
CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ao reger a Orquestra Petrobras Sinfônica, hoje à noite, no
Canecão, tradicional palco carioca da música popular brasileira, Wagner Tiso retoma uma
batalha que tem orientado sua
carreira por quatro décadas. "É
preciso driblar o preconceito",
afirma o arranjador e pianista,
adversário dos supostos limites
entre a música erudita e a música popular.
"O que eu faço não chega a
ser novidade, mas esse é um
gosto que eu tenho: o de a música popular parecer clássica, e a
música clássica parecer popular", diz Tiso. Ele abre mais
uma temporada da série MPB
& Jazz, que já coordena por
quatro anos, com uma homenagem a Edu Lobo.
O concerto destaca participações da cantora Zizi Possi e
do próprio homenageado da
noite. Fazem parte do programa arranjos orquestrais para
algumas das canções mais populares do compositor, como
"No Cordão da Saideira", "Ponteio" (parceria com Capinan),
"Pra Dizer Adeus" (com Torquato Neto) e "Valsa Brasileira" (com Chico Buarque).
O evento marca também o
início de uma parceria entre a
Petrobras e a casa de shows,
que será rebatizada de Canecão
Petrobras e passará a oferecer
ingressos a preços reduzidos. A
partir de agosto, o público paulista também poderá apreciar
os concertos de Tiso com a Orquestra Petrobras, destacando
intérpretes, compositores e
instrumentistas brasileiros de
prestígio. Em São Paulo, a série
MPB & Jazz terá como sede o
teatro Cultura Artística.
Influências clássicas
Citando Villa-Lobos e Tom
Jobim como músicos que o
precederam e o influenciaram
em suas tentativas de aproximar a música popular da erudita, Tiso conta que esse interesse o acompanha desde a infância. "Na minha casa se ouvia
muita música clássica. Eu era
apaixonado pelos concertos do
Rachmaninoff", relembra.
Mesmo quando se tornou
profissional, tocando boleros e
chá-chá-chás nos bailes de Belo
Horizonte, ou, já nos anos 60,
quando integrou trios de bossa
nova e samba-jazz, no Rio, Tiso
não deixou que a paixão pela
música clássica arrefecesse.
"Meu sonho era transportar
aquela sonoridade para tudo
que eu tocasse."
Nada mais natural então que
ele continue criando projetos
nessa linha. Um deles é a futura
gravação de 12 suítes sinfônicas
de sua autoria. Tiso planeja registrá-las ao vivo com a Petrobras Sinfônica, no Teatro Municipal do Rio.
As gravações vão
compor uma caixa de CDs.
Antes disso, já nos próximos
meses, deve chegar às lojas outra caixa com quatro CDs, que
enfocam seu trabalho de arranjador. Em lançamento da gravadora Universal, essa edição
reúne as gravações originais de
arranjos que Tiso escreveu desde os anos 60 para astros da
MPB, como Milton Nascimento e Maria Bethânia.
"Além de dirigir as orquestras, eu também toco nesses arranjos", diz. "Quando os estúdios tinham apenas dois ou
quatro canais de gravação, você
não podia se dar ao luxo de gravar os instrumentos da orquestra separadamente. Hoje você
pode fazer qualquer coisa".
SÉRIE MPB & JAZZ
Quando: hoje, às 21h30
Onde: Canecão (r. Venceslau Brás, 215,
Botafogo, tel. 0/xx/21/2105-2000)
Quanto: ingressos gratuitos, retirados
a partir das 12h
Avaliação: bom
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