São Paulo, quarta-feira, 04 de abril de 2007

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Wagner Tiso homenageia Edu Lobo

Regendo sinfônica, pianista e arranjador abre hoje novo "round" da série MPB & Jazz, no Canecão

CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ao reger a Orquestra Petrobras Sinfônica, hoje à noite, no Canecão, tradicional palco carioca da música popular brasileira, Wagner Tiso retoma uma batalha que tem orientado sua carreira por quatro décadas. "É preciso driblar o preconceito", afirma o arranjador e pianista, adversário dos supostos limites entre a música erudita e a música popular.
"O que eu faço não chega a ser novidade, mas esse é um gosto que eu tenho: o de a música popular parecer clássica, e a música clássica parecer popular", diz Tiso. Ele abre mais uma temporada da série MPB & Jazz, que já coordena por quatro anos, com uma homenagem a Edu Lobo.
O concerto destaca participações da cantora Zizi Possi e do próprio homenageado da noite. Fazem parte do programa arranjos orquestrais para algumas das canções mais populares do compositor, como "No Cordão da Saideira", "Ponteio" (parceria com Capinan), "Pra Dizer Adeus" (com Torquato Neto) e "Valsa Brasileira" (com Chico Buarque).
O evento marca também o início de uma parceria entre a Petrobras e a casa de shows, que será rebatizada de Canecão Petrobras e passará a oferecer ingressos a preços reduzidos. A partir de agosto, o público paulista também poderá apreciar os concertos de Tiso com a Orquestra Petrobras, destacando intérpretes, compositores e instrumentistas brasileiros de prestígio. Em São Paulo, a série MPB & Jazz terá como sede o teatro Cultura Artística.

Influências clássicas
Citando Villa-Lobos e Tom Jobim como músicos que o precederam e o influenciaram em suas tentativas de aproximar a música popular da erudita, Tiso conta que esse interesse o acompanha desde a infância. "Na minha casa se ouvia muita música clássica. Eu era apaixonado pelos concertos do Rachmaninoff", relembra.
Mesmo quando se tornou profissional, tocando boleros e chá-chá-chás nos bailes de Belo Horizonte, ou, já nos anos 60, quando integrou trios de bossa nova e samba-jazz, no Rio, Tiso não deixou que a paixão pela música clássica arrefecesse.
"Meu sonho era transportar aquela sonoridade para tudo que eu tocasse." Nada mais natural então que ele continue criando projetos nessa linha. Um deles é a futura gravação de 12 suítes sinfônicas de sua autoria. Tiso planeja registrá-las ao vivo com a Petrobras Sinfônica, no Teatro Municipal do Rio.
As gravações vão compor uma caixa de CDs.
Antes disso, já nos próximos meses, deve chegar às lojas outra caixa com quatro CDs, que enfocam seu trabalho de arranjador. Em lançamento da gravadora Universal, essa edição reúne as gravações originais de arranjos que Tiso escreveu desde os anos 60 para astros da MPB, como Milton Nascimento e Maria Bethânia.
"Além de dirigir as orquestras, eu também toco nesses arranjos", diz. "Quando os estúdios tinham apenas dois ou quatro canais de gravação, você não podia se dar ao luxo de gravar os instrumentos da orquestra separadamente. Hoje você pode fazer qualquer coisa".


SÉRIE MPB & JAZZ
Quando:
hoje, às 21h30
Onde: Canecão (r. Venceslau Brás, 215, Botafogo, tel. 0/xx/21/2105-2000)
Quanto: ingressos gratuitos, retirados a partir das 12h
Avaliação: bom


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