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ILUSTRADA
Artista foi uma das integrantes do movimento neoconcreto nos anos 50, ao lado de Lygia Clark e Hélio Oiticica
Vítima de infecção, Lygia Pape morre no RJ
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
DO BANCO DE DADOS
A artista plástica Lygia Pape
morreu no início da noite de ontem, de infecção generalizada. Vítima de mielodisplasia -doença
na medula que afeta a produção
de leucócitos e plaquetas sangüíneas-, ela estava internada havia
uma semana no Hospital São Lucas (Copacabana, zona sul do
Rio). Na manhã de sábado, ela foi
transferida para o CTI (Centro de
Terapia Intensiva) da unidade.
Pape foi uma das mais importantes artistas brasileiras e representante do movimento neoconcreto nos anos 50. Ela não gostava
de revelar a idade. Na maioria das
biografias constantes dos catálogos de suas exposições, 1929 aparece como o ano de seu nascimento.
Ela era mestre em estética filosófica pela UFRJ (Universidade
Federal do Rio de Janeiro). A artista será cremada no sábado, no
cemitério do Caju (zona norte do
Rio de Janeiro).
No domingo, uma missa cantada no mosteiro de São Bento
(centro do Rio) será celebrada em
sua homenagem.
A artista
Lygia Pape nasceu em 1929, em
Nova Friburgo, no Rio. Formou-se em filosofia pela Universidade
Federal do Rio e, depois, fez mestrado em estética filosófica pela
mesma UFRJ. Estudou com Fayga Ostrower e Ivan Serpa.
Dedicou-se especialmente à xilogravura, sendo adepta do abstracionismo geométrico. Para
Lygia, a arte era principalmente
experiência.
Atuou em dois movimentos artísticos nos anos 50 e 60: o concretismo, marcado pela abstração
geométrica, e o neoconcretismo
(em 1957, ela integrou ao Grupo
Frente e foi uma das signatárias
do "Manifesto Neoconcreto"),
que se rebelou contra os rigores
da arte concreta. Em 1958, realizou o "Ballet Neoconcreto" e, em
1960, participou da Exposição Internacional de Arte Concreta, em
Zurique, na Suíça.
No fim dos anos 50 e início dos
60, começou o que seria uma trilogia de livros de artista composta
por "Livro da Criação", "Livro da
Arquitetura" e "Livro do Tempo".
A partir da década de 60, trabalhou com roteiro, montagem e direção de cinema, tendo feito a
programação visual de alguns filmes do cinema novo, entre eles,
"Deus e o Diabo na Terra do Sol"
(1964), de Glauber Rocha.
Produziu, em 1967, o vídeo "La
Nouvelle Création". Ainda nos
anos 60, produziu esculturas em
madeira e realizou "Livro-Poema", composto de xilogravuras e
poemas concretos.
Em 1971, Pape realizou o curta-metragem "O Guarda-Chuva
Vermelho", sobre o gravurista
Oswaldo Goeldi (1895-1961).
Em 1980, recebeu uma bolsa de
estudos da Fundação Guggenheim, em Nova York. Com a
morte de Hélio Oiticica, Lygia organizou, com Luciano Figueiredo
e Waly Salomão, o Projeto Hélio
Oiticica, destinado a preservar e
divulgar a obra do artista.
Em 1990, recebeu o prêmio da
Associação Brasileira de Críticos
de Arte com a mostra Amazoninos e realizou com bolsa da fundação Vitae o projeto "Tteias", no
qual combina luz e movimento.
Recebeu, em 1992, o prêmio Ibeu,
do Instituto Brasil-Estados Unidos, pela melhor exposição realizada no ano anterior. Em 1997,
expôs seus trabalhos na galeria
Camargo Vilaça, em São Paulo.
Lygia Pape foi professora da Faculdade de Arquitetura Santa Úrsula de 1972 até 1985 e, desde 1982,
lecionava na Escola de Belas-Artes da Universidade Federal do
Rio de Janeiro.
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