São Paulo, segunda, 4 de maio de 1998

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Escuridão palpável

HELOISA SEIXAS

A mulher abriu os olhos. Um segundo e ela estava totalmente desperta. Mas não viu nada. Nada. O escuro era total. Piscou várias vezes. E continuou a ver apenas o breu, um negror absoluto, aterrador. Tinha medo de mover-se. Não queria fazê-lo. Não sem antes saber onde estava -e por que toda aquela escuridão. Procurou controlar-se.
E de repente a memória a preencheu como um bálsamo, salvando-a. Lembrou-se que fora passar uns dias na fazenda de uma amiga. E, nas fazendas, as noites são assim: a escuridão, palpável, nos envolve como matéria sólida.



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