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SEMINÁRIO
Indústria audiovisual reúne-se pela primeira vez depois da liberação de capital estrangeiro para empresas de mídia
TV, cinema e governo ficam cara a cara
DA REPORTAGEM LOCAL
Os principais representantes
das TVs abertas, fechadas e do cinema estarão reunidos hoje e
amanhã em São Paulo para discutir as duas questões mais cruciais
da indústria audiovisual nacional:
a entrada de capital estrangeiro
em empresas de mídia e as novas
regras para a taxação do setor.
Depois de muita disputa e polêmica nos bastidores, é a primeira
vez que os interessados ficam "cara a cara" em público, com a presença do novo ministro das Comunicações, Juarez Quadros.
No 3º Fórum Brasil de Comunicação e Produção, que acontece
no Paulista Plaza, as TVs devem
tentar fechar com o governo alguns pontos da regulamentação
da emenda que libera a entrada
do capital estrangeiro -recém-aprovada no Congresso. Querem
garantir, por exemplo, um equilíbrio na concorrência com outras
mídias, como a internet.
TV X cinema
O encontro também jogará flashes em vários pontos de discórdia
entre televisão e cinema. Uma das
principais razões dessa disputa é
o medo que as emissoras abertas
têm da concorrência com produtores internacionais. Como a recém-criada Ancine (Agência Nacional de Cinema) dá incentivos
fiscais a empresas estrangeiras
que investirem em produção no
país, as TVs temem perder o monopólio da realização de minisséries e filmes para a televisão.
Formalmente, as emissoras dirão que as regras da Ancine podem estimular a indústria audiovisual no Brasil sem garantir a
preservação da cultura nacional.
Os estúdios internacionais, no
entanto, ainda não parecem seduzidos a produzir no país. Quase
todos os distribuidores estrangeiros que operam no Brasil entraram na Justiça contra a cobrança
da Condecine (Contribuição para
o Desenvolvimento da Indústria
Cinematográfica). Argumentam
que ela se configura como tributação fora do território nacional.
A Ancine rebate dizendo que
quem paga a contribuição é a empresa cinematográfica que remeter quantias para o estrangeiro.
A parcela que cabe à televisão
por assinatura também é motivo
de discussão. Há quem considere
que não está claro se as empresas
que programam os canais são ou
não devedoras da nova taxa. A
dúvida estaria dificultando assinaturas de novos contratos.
O produtor Luiz Carlos Barreto,
que participou das discussões para a formulação das novas medidas, diz que as reclamações das
TVs sobre o impacto financeiro
sofrido com a nova taxa são "um
sofisma". As programadoras de
TV paga estimam que sua contribuição chegará a US$ 10 milhões
em 2003. "Essa taxação foi rebaixada a níveis absolutamente inaceitáveis, virou praticamente simbólica. Já fizemos a conta. Essas
programadoras não têm nenhum
compromisso com o produto
brasileiro. Cobram entre US$ 0,40
e US$ 0,60 por assinante. Têm
programação compactada em
Atlanta ou Miami", diz Barreto.
Ele afirma ainda que, no seminário, irá "defender a velha tese de
que não pode existir uma política
de indústria cinematográfica audiovisual enquanto a TV, que é
concessão pública, não assumir
compromisso com isso".
3º FÓRUM BRASIL DE PROGRAMAÇÃO
E PRODUÇÃO. Quando: hoje e amanhã,
a partir das 8h30. Quanto: de R$ 750 a R$
950. Onde: Paulista Plaza (al. Santos, 85).
Inf: 0/xx/11/3120-2351.
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