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TEATRO
Musical vence em 6 categorias
Sem surpresa, Tony premia "Millie"
DE NOVA YORK
Sem recordes, sem surpresas,
sem graça. Tendo as três regras
como baliza, a comunidade teatral nova-iorquina se reuniu no
domingo para entregar seu 56º
Tony, o Oscar da dramaturgia.
Venceu "Thoroughly Modern
Millie", que concorria em 11 categorias e levou seis, inclusive "melhor musical". O fato de a peça ser
baseada num filme que já não era
grande coisa diz mais sobre a
temporada 2001/2002 da Broadway do que qualquer outra coisa.
"Millie" é adaptação de "Positivamente Millie", dirigido em 1967
por George Roy Hill, e se passa na
chamada era de ouro do jazz, nos
anos 20 do século passado, com
direito a muito sapateado.
Bateu assim a evidentemente
superior "Urinetown - The Musical", sátira que começou sua carreira no boca a boca off-Broadway até chegar ao grande circuito.
A história da cidade em que os habitantes têm de pagar para usar o
banheiro levou direção, libreto e
trilha. É incomum, mas não inédito, que a vencedora dos prêmios diretamente ligados à música perca na categoria principal.
Entre as peças, o prêmio principal saiu para a controversa "The
Goat or Who Is Sylvia", de Edward Albee, sobre homem que se
apaixona por uma cabra. Teve sabor de justiça histórica para o dramaturgo de 74 anos, cujo último
Tony era de 1963, por "Quem
Tem Medo de Virgina Woolf".
"Agradeço aos produtores por terem a escandalosa convicção de
que a Broadway estava pronta para uma peça sobre o amor", disse.
Se houve um mérito na noite de
anteontem foi o fato de a premiação ter sido mais democrática do
que no ano passado. Em 2001, o
musical cômico "The Producers",
de Mel Brooks, venceu em todas
as 12 categorias a que concorria,
de 22 possíveis. Neste ano, 11 peças dividiram os prêmios.
Já a transmissão da cerimônia,
comandada pelos nada carismáticos atores Gregory Hines e Bernardette Peters, foi escassa em celebridades (Ralph Fiennes, Mary
Tyler Moore, Whoopi Goldberg,
Calista Flockhart e a sexy Gina
Gershon) e pródiga em pontos
baixos (para ter uma idéia, até um
trecho de "Oklahoma!" o telespectador teve de aguentar).
Entre os últimos, destacou-se o
desrespeito com Elaine Stritch,
77, um mito no bairro teatral de
Manhattan, que ganhou seu primeiro Tony por "Elaine Stritch at
Liberty". A atriz, que já tinha sido
indicada quatro vezes, a primeira
em 56, foi interrompida em seu
discurso pela orquestra.
No bastidor, tremendo muito,
ela desabafou que a interrupção
tinha tirado a graça do prêmio.
Indagada sobre o que responderia se a CBS, emissora responsável
pela transmissão, ou a organização ligassem para pedir desculpas, ela disse: "Por mim, eles podem se f...". Sábias palavras.
(SÉRGIO DÁVILA)
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