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POPLOAD
Destrua o rock
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
Isto não é rock'n'roll. Mais:
DESTRUA o rock'n'roll. Tipo
de toque que não seria possível
não existisse a internet, circulam
por rádios e clubes europeus, vindas do nada, duas das músicas
disco-rock-house mais sacolejantes dos últimos segundos. E ambas, engraçado, detonam o rock
no título. Mas isso dialoga com o
estilo, dentro da tendência corrente do hibridismo das pistas.
Vem da pequena gravadora italiana Oxyd, de eletrônico, o misterioso projeto Snack, que dentre as
várias informações desencontradas aponta uma participação do
DJ britânico Darren Emerson, ex-Underworld.
O Snack cunhou a contagiante
"This Is Not Rock'n'Roll", um
funky-house (o termo não é meu)
com guitarras que segue a escola
electro-rock (também não) do DJ
americano Felix da Housecat. Na
verdade, a música parece uma
desconstrução de "Da Da Da", do
antigo grupo alemão Trio.
O single simples e de vinil de
"This Is Not..." chegou com muito
estardalhaço e pouca informação
às lojas inglesas. A letra chama pela revolução nas pistas, ensina a
"sentir o baixo e respirar fundo"
e, no final, enfileira vários nomes
de rock clássico, como Jerry Lee
Lewis, Roy Orbinson, Johnny
Cash, Carl Perkins etc.
Falando em listas de nome da
música, a ordem "Destroy
Rock'n'Roll" vem de um cara chamado Mylo, que surgiu de uma
ilha-apêndice da Escócia para logo já ser tratado como herdeiro
do Daft Punk e daí para cima. O
disco foi lançado há duas semanas, mas a música "Destroy
Rock'n'Roll" rola em programas
de rádio tanto rock como eletrônicos desde o começo do ano.
A música começa com uma voz
sampleada de alguém tipo lendo
uma ordem judicial, como se estivesse para anunciar os nomes de
uma lista proibida, cujas músicas
e vídeos devem ser destruídos por
estarem influenciando negativamente as crianças, pervertendo os
movimentos do corpo da gurizada ao incutir a break dancing e
outras formas de dança.
O julgamento tem sua ira localizada em atos dos anos 80 e condena Michael Jackson, Prince, Bruce
Springsteen, Madonna, ZZ Top,
Rolling Stones, Adam Ant, Sheena Easton, Duran Duran, Thompson Twins, Banarama, Missing
Persons, Stevie Nicks, Cindy
Luuuuuuper, Van Halen, David
Buuuuwie, Queen e muito mais.
O hit começa com um falatório
e vai recebendo, num crescendo
hipnotizante, as batidas ácidas da
house e as guitarras rock à medida que o interlocutor anuncia os
nomes dos condenados.
À internet, já!
"Definitely Maybe", 10 anos
Dos muitos álbuns bons lançados em 1994, o disco aniversariante mais significativo é o histórico
"Definitely Maybe", o de estréia
do Oasis. É até engraçado olhar
para trás, hoje, para falar de uma
banda que chacoalhou a música
pop durante alguns anos e depois
por muitos construiu a fama de
arrogante, cópia de Beatles. Mas
que ainda assim é escolhida para
estrelar o colossal Glastonbury
Festival deste ano. Deste mês.
Quem não viveu o 1994 (e o
1995, 1996) britânico não tem
idéia do que foi a chegada da banda dos Gallagher à música jovem.
Perto de "Definitely Maybe", o
bafafá em torno do CD début dos
Strokes, por exemplo, parece um
cochicho. Note que o 1994 aqui
era pré-internet. "DM" foi lançado em agosto, mas o "buzz" em
torno do grupo de Manchester já
era grande no começo daquele
ano, por causa do lançamento do
single "Supersonic", em abril.
Lembro bem a primeira vez que
ouvi Oasis. Já tinha lido sobre a
"banda que ia estourar". E, numa
edição do finado "Melody Maker", veio uma fita cassete com
quatro músicas. Uma delas era
"Cigarettes & Alcohol". Botei o
K7 no toca-fitas do carro (lembra
de toca-fitas?) e fui ouvir o tal Oasis. Achei muito Rolling Stones e
torci um pouco o nariz para o vocal, antipático. Ouvindo depois,
continuei achando Stones, mas já
estava gostando bem mais. "Que
vocal esperto", mudei de idéia rápido. Duas músicas depois, o Oasis era minha banda predileta.
Agora, no próximo dia 13, quem
faz aniversário é o single "Shakermaker", o segundo dos Gallagher.
A fama já era bem notória. "Supersonic", chegou ao 31º lugar na
parada britânica. "Shakermaker"
já catava o 11º. Agosto veio e com
ele o single "Live Forever" e o disco cheio. E aí...
lucio@uol.com.br
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