São Paulo, sexta-feira, 04 de junho de 2004

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POPLOAD

Destrua o rock

LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

Isto não é rock'n'roll. Mais: DESTRUA o rock'n'roll. Tipo de toque que não seria possível não existisse a internet, circulam por rádios e clubes europeus, vindas do nada, duas das músicas disco-rock-house mais sacolejantes dos últimos segundos. E ambas, engraçado, detonam o rock no título. Mas isso dialoga com o estilo, dentro da tendência corrente do hibridismo das pistas.
Vem da pequena gravadora italiana Oxyd, de eletrônico, o misterioso projeto Snack, que dentre as várias informações desencontradas aponta uma participação do DJ britânico Darren Emerson, ex-Underworld.
O Snack cunhou a contagiante "This Is Not Rock'n'Roll", um funky-house (o termo não é meu) com guitarras que segue a escola electro-rock (também não) do DJ americano Felix da Housecat. Na verdade, a música parece uma desconstrução de "Da Da Da", do antigo grupo alemão Trio.
O single simples e de vinil de "This Is Not..." chegou com muito estardalhaço e pouca informação às lojas inglesas. A letra chama pela revolução nas pistas, ensina a "sentir o baixo e respirar fundo" e, no final, enfileira vários nomes de rock clássico, como Jerry Lee Lewis, Roy Orbinson, Johnny Cash, Carl Perkins etc.
Falando em listas de nome da música, a ordem "Destroy Rock'n'Roll" vem de um cara chamado Mylo, que surgiu de uma ilha-apêndice da Escócia para logo já ser tratado como herdeiro do Daft Punk e daí para cima. O disco foi lançado há duas semanas, mas a música "Destroy Rock'n'Roll" rola em programas de rádio tanto rock como eletrônicos desde o começo do ano.
A música começa com uma voz sampleada de alguém tipo lendo uma ordem judicial, como se estivesse para anunciar os nomes de uma lista proibida, cujas músicas e vídeos devem ser destruídos por estarem influenciando negativamente as crianças, pervertendo os movimentos do corpo da gurizada ao incutir a break dancing e outras formas de dança.
O julgamento tem sua ira localizada em atos dos anos 80 e condena Michael Jackson, Prince, Bruce Springsteen, Madonna, ZZ Top, Rolling Stones, Adam Ant, Sheena Easton, Duran Duran, Thompson Twins, Banarama, Missing Persons, Stevie Nicks, Cindy Luuuuuuper, Van Halen, David Buuuuwie, Queen e muito mais.
O hit começa com um falatório e vai recebendo, num crescendo hipnotizante, as batidas ácidas da house e as guitarras rock à medida que o interlocutor anuncia os nomes dos condenados.
À internet, já!

"Definitely Maybe", 10 anos
Dos muitos álbuns bons lançados em 1994, o disco aniversariante mais significativo é o histórico "Definitely Maybe", o de estréia do Oasis. É até engraçado olhar para trás, hoje, para falar de uma banda que chacoalhou a música pop durante alguns anos e depois por muitos construiu a fama de arrogante, cópia de Beatles. Mas que ainda assim é escolhida para estrelar o colossal Glastonbury Festival deste ano. Deste mês.
Quem não viveu o 1994 (e o 1995, 1996) britânico não tem idéia do que foi a chegada da banda dos Gallagher à música jovem. Perto de "Definitely Maybe", o bafafá em torno do CD début dos Strokes, por exemplo, parece um cochicho. Note que o 1994 aqui era pré-internet. "DM" foi lançado em agosto, mas o "buzz" em torno do grupo de Manchester já era grande no começo daquele ano, por causa do lançamento do single "Supersonic", em abril.
Lembro bem a primeira vez que ouvi Oasis. Já tinha lido sobre a "banda que ia estourar". E, numa edição do finado "Melody Maker", veio uma fita cassete com quatro músicas. Uma delas era "Cigarettes & Alcohol". Botei o K7 no toca-fitas do carro (lembra de toca-fitas?) e fui ouvir o tal Oasis. Achei muito Rolling Stones e torci um pouco o nariz para o vocal, antipático. Ouvindo depois, continuei achando Stones, mas já estava gostando bem mais. "Que vocal esperto", mudei de idéia rápido. Duas músicas depois, o Oasis era minha banda predileta.
Agora, no próximo dia 13, quem faz aniversário é o single "Shakermaker", o segundo dos Gallagher. A fama já era bem notória. "Supersonic", chegou ao 31º lugar na parada britânica. "Shakermaker" já catava o 11º. Agosto veio e com ele o single "Live Forever" e o disco cheio. E aí...

lucio@uol.com.br


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