São Paulo, sábado, 04 de junho de 2005

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Em 18 histórias, a espanhola Rosa Montero narra a alegria e a tragédia da paixão amorosa

(In)felizes juntos

TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL

Amar o amor movia a romântica "Senhora" de José de Alencar. E, 130 anos depois da publicação do clássico, amar o amor continua movimentando a vida dos que se dispõem a mergulhar nessa piscina, que em algum momento se revela turva ou vazia.
"A paixão amorosa sempre termina mal, ou quase sempre", afirma Rosa Montero, autora de "Paixões" (Ediouro, 192 págs., R$ 34,90). "Mas há momentos em que a paixão é como estar no céu, ou chegar bem perto dele, e é absolutamente maravilhoso."
Na obra, a jornalista e escritora espanhola de 53 anos exemplifica a alegria e a tragédia da paixão pelas histórias de 18 casais célebres que atravessaram essa fogueira.
Autora da ficção "A Louca da Casa", Montero esteve no Brasil no ano passado, durante a Flip (Festa Literária de Parati), e inspirou Zuenir Ventura a escrever seu livro de memórias. Leia a seguir trechos de sua entrevista, por telefone, de sua casa em Madri.

 

Folha - Por que há tanto interesse pelo tema amor?
Rosa Montero -
É preciso diferenciar o tipo de amor que estamos falando. A palavra amor é muito ampla. O meu livro trata da paixão, um tipo de amor determinado, que para mim não é nem sequer amor. O apaixonado não quer o outro. Como diz santo Agostinho, o que o apaixonado ama é o amor. É amar o amor, sentir-se apaixonado. É isso que busca o verdadeiro apaixonado, por isso ele não consegue ver o objeto amado. O apaixonado não vê a pessoa amada verdadeiramente, ele a inventa. Já amor, para mim, pode ser várias coisas: amar seus amigos, sua família e também amar seu companheiro, que é o amor cotidiano. É aquele que se baseia na realidade, na ternura e na cumplicidade, um amor muito difícil. Nem todo mundo está capacitado para ter e manter um amor assim. Mas o amor cotidiano me parece mais real, a paixão é uma invenção, um sonho, uma droga, um delírio maravilhoso.


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