São Paulo, sábado, 04 de junho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DANÇA

Coreógrafa explora teia dos fetiches e do erotismo em "Nó", espetáculo que chega ao Rio após estréia em Berlim

Colker amarra e desamarra corpos movidos pelo desejo

LUCIANA ARAUJO
DA REPORTAGEM LOCAL

"A gente respira desejo", afirma a coreógrafa Deborah Colker, 44. E é desse fôlego violento e delicado, de corpos que se prendem e se soltam, que Colker amarra e desamarra seu "Nó", espetáculo que estreou mês passado em Berlim, na Alemanha, e teve estréia nacional ontem, no teatro João Caetano, no Rio, onde ficará em cartaz até 31 de julho, seguindo para São Paulo no dia 23 de setembro, onde terá temporada no teatro Alfa.
"O nó é o movimento do desejo, e os corpos são como cordas, explorando aquelas amarras escondidas, as perversões", explica a coreógrafa. "Nesse universo, não há espaço para fracos. A hierarquia do desejo prevê consentimento. Há escolha dos papéis de dominante e dominado."
No primeiro ato, os 16 bailarinos do grupo movimentam-se em meio a 120 cordas, que pendem do teto e dão um grande nó, formando uma árvore. E, se os bailarinos são como cordas, estas também dançam, o que foi um desafio para um grupo marcado pelo rigor dos movimentos, porque elas são "objetos que se controlam até certo ponto", segundo Colker.
A nova coreografia, desenvolvida em dois anos e meio, é composta pela técnica de "bondage", que utiliza cordas para controle da dor e do prazer, e por vários tipos de nós.
Na segunda parte da peça, saem as cordas e surge no palco uma caixa transparente de 3 metros por 2,5 metros, inspirada nas fachadas das casas do Red Light, bairro de Amsterdã, Holanda, onde mulheres ficam expostas em vitrines. "Em alguns momentos, parece que os bailarinos se tocam, mas não estão se tocando. São as vitrines do mundo. Aquilo que se vê e não se toca, que se olha, mas não é teu", interpreta Colker.
O erotismo é intensificado no figurino, de Alexandre Herchcovitch, que fetichiza os corpos: usa a cor da pele e o preto -nas zonas erógenas. Assim, parece que está todo mundo nu. "Vemos o outro com transparência", diz Colker.



Quando:
qui. a sáb., às 21h; dom., às 18h; até 31 de julho
Onde: teatro João Caetano (pça. Tiradentes, s/nš, região central, RJ, tel. 0/xx/21/2221-1223)
Quanto: R$ 15 a R$ 20


Texto Anterior: Música: Após Manaus, White Stripes se apresenta hoje em São Paulo
Próximo Texto: Livros - Sexualidade: Autores despem a mulher para compreender sua feminilidade
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.