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DANÇA
Coreógrafa explora teia dos fetiches e do erotismo em "Nó", espetáculo que chega ao Rio após estréia em Berlim
Colker amarra e desamarra corpos movidos pelo desejo
LUCIANA ARAUJO
DA REPORTAGEM LOCAL
"A gente respira desejo", afirma
a coreógrafa Deborah Colker, 44.
E é desse fôlego violento e delicado, de corpos que se prendem e se
soltam, que Colker amarra e desamarra seu "Nó", espetáculo que
estreou mês passado em Berlim,
na Alemanha, e teve estréia nacional ontem, no teatro João Caetano, no Rio, onde ficará em cartaz
até 31 de julho, seguindo para São
Paulo no dia 23 de setembro, onde terá temporada no teatro Alfa.
"O nó é o movimento do desejo,
e os corpos são como cordas, explorando aquelas amarras escondidas, as perversões", explica a
coreógrafa. "Nesse universo, não
há espaço para fracos. A hierarquia do desejo prevê consentimento. Há escolha dos papéis de
dominante e dominado."
No primeiro ato, os 16 bailarinos do grupo movimentam-se em
meio a 120 cordas, que pendem
do teto e dão um grande nó, formando uma árvore. E, se os bailarinos são como cordas, estas também dançam, o que foi um desafio para um grupo marcado pelo
rigor dos movimentos, porque
elas são "objetos que se controlam
até certo ponto", segundo Colker.
A nova coreografia, desenvolvida em dois anos e meio, é composta pela técnica de "bondage",
que utiliza cordas para controle
da dor e do prazer, e por vários tipos de nós.
Na segunda parte da peça, saem
as cordas e surge no palco uma
caixa transparente de 3 metros
por 2,5 metros, inspirada nas fachadas das casas do Red Light,
bairro de Amsterdã, Holanda, onde mulheres ficam expostas em
vitrines. "Em alguns momentos,
parece que os bailarinos se tocam,
mas não estão se tocando. São as
vitrines do mundo. Aquilo que se
vê e não se toca, que se olha, mas
não é teu", interpreta Colker.
O erotismo é intensificado no figurino, de Alexandre Herchcovitch, que fetichiza os corpos: usa
a cor da pele e o preto -nas zonas
erógenas. Assim, parece que está
todo mundo nu. "Vemos o outro
com transparência", diz Colker.
Nó
Quando: qui. a sáb., às 21h; dom., às
18h; até 31 de julho
Onde: teatro João Caetano (pça.
Tiradentes, s/nš, região central, RJ, tel.
0/xx/21/2221-1223)
Quanto: R$ 15 a R$ 20
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