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Para professora, áudio não substitui leitura, mas amplia conhecimento
DA REPORTAGEM LOCAL
A Plugme, como outras editoras que tentam investir no
segmento de audiolivro no Brasil, miram o mercado potencial
de ouvintes que ficam presos
no trânsito das grandes capitais
do país. Duas professoras ouvidas pela Folha são otimistas
em relação ao investimento,
ainda que com ressalvas.
A professora Neide Luzia de
Rezende, da Faculdade de Educação da USP, sustenta que "o
áudio abre mais uma possibilidade de acesso ao livro". Numa
primeira avaliação, a professora não acredita que o formato
possa representar uma ameaça
para o livro impresso, num
mercado de poucos leitores como o brasileiro.
"Acho que quem lê literatura
de qualidade não deixará de ler
o livro no papel, ainda que
eventualmente possa ouvir o
áudio", afirma Neide.
"O impresso traz a relação
direta de leitor e texto, sem outras intervenções interpretativas, o que faz toda a diferença,
além de outras particularidades. Áudio e impresso são coisas muito distintas."
Tempo ocioso
A professora Lilian Jacoto,
da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
USP, concorda que o audiolivro
pode vir a ocupar um lugar de
"razoável importância" na realidade do estudante e do trabalhador brasileiros, sobretudo
nos grandes centros urbanos.
"Para os que atravessam horas do dia confinados num ônibus, num trem, no metrô, a audição de um livro é uma forma
de aproveitamento do tempo
ocioso, talvez mais produtiva
do que a própria leitura, que,
para muitos, requer esforço
não disponível no momento."
Lilian Jacoto defende ainda
que o meio auditivo em nada
deixa a desejar na aquisição da
informação e, apesar de não
substituir a leitura, pode aprimorar o processo de intelecção.
"O audiolivro é uma boa alternativa também aos que evitam ler justamente por não terem desenvolvido uma fluência
do discurso verbal que se adquire pelos hábitos da leitura e
da escrita. A audição, ao menos
no tocante aos bons textos, ensina a ler, a escrever e a pensar
de forma lógica, clara, e até bela, se calhar", acrescenta a professora, ressaltando ainda que a
cultura antiga era predominantemente auditiva.
"O que se deve discutir é
sempre, portanto, o que ouvir e
para quê", conclui.
(ES)
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