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'Carlota' tem sessões cheias em Miami
ISABEL FLORES
especial para a Folha, em Miami
O 1º Festival Brasileiro de Cinema de Miami (EUA) tem sido um
sucesso. O cinema Bill Cosford, na
Universidade de Miami, tem lotado os 240 lugares desde as primeiras exibições, quinta passada.
O sucesso surpreendeu, além
dos próprios organizadores, diretores de filmes que participam da
mostra. Carla Camurati, por
exemplo, afirmou que o festival
superou suas expectativas.
"Eu, na verdade, não sabia o que
esperar, mas é claro que foi uma
surpresa muito grande ter duas
sessões seguidas de 'Carlota Joaquina' com ingressos completamente esgotados", conta.
Mas nem só brasileiros formam
o público do festival. Segundo os
organizadores, 50% dos pagantes
são hispânicos e norte-americanos. A imprensa local também se
sensibilizou, referindo-se ao cinema brasileiro como "aquele que
não se deixou contaminar com a
febre de Hollywood".
Diretores e produtores narram
com ar de vitória uma batalha que
quase se deu por perdida no governo Collor (1990-1992).
Mauro Farias, diretor de "Não
Quero Falar Sobre Isso Agora",
relembra que, na época em que
produzia o filme, como se não bastasse o fechamento da Embrafilme, todo o dinheiro reservado para a produção teve de ser congelado com o novo sistema.
"O filme foi concluído na base
da amizade mesmo, quando eu tinha de ligar para todo mundo para
saber se havia a possibilidade de
filmar no fim-de-semana", conta
Mauro, que trabalhou com uma
verba de US$ 400 mil.
Mas o dinheiro, para Carla Camurati, não é o mais importante.
Ela conta que primeiro determina
uma verba, que no caso de "Carlota Joaquina" foi de US$ 600 mil,
e depois trabalha com o que tem.
"Dá o maior prazer assistir ao
filme e ver todo mundo elogiar o
figurino como se tivesse sido feito
de pura seda, mas não passa de tecido barato que causa o mesmo
efeito", diz a diretora.
A projeção do cinema nacional
no exterior tem aumentado.
"Carlota Joaquina", nos últimos
dois anos, já participou de festivais
nacionais e internacionais e conta
com cinco cópias do filme legendado em inglês -hoje distribuídas em Tel Aviv, Viena, Barcelona,
Moscou e agora em Miami.
É a primeira vez que o filme é exibido nos Estados Unidos. Durante
entrevista coletiva, profissionais
de cinema discutiram a dificuldade de distribuir um filme no Brasil.
O festival vai até o próximo dia 8,
com exibição alternada dos filmes
"Como Nascem os Anjos", de
Murillo Salles, "Pequeno Dicionário Amoroso", de Sandra Werneck, "Doces Poderes", de Lúcia
Murat, "Banana is my Business",
de Helena Solberg e "O Quatrilho", de Fábio Barreto.
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