São Paulo, quarta, 4 de junho de 1997.



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'Carlota' tem sessões cheias em Miami

ISABEL FLORES
especial para a Folha, em Miami

O 1º Festival Brasileiro de Cinema de Miami (EUA) tem sido um sucesso. O cinema Bill Cosford, na Universidade de Miami, tem lotado os 240 lugares desde as primeiras exibições, quinta passada.
O sucesso surpreendeu, além dos próprios organizadores, diretores de filmes que participam da mostra. Carla Camurati, por exemplo, afirmou que o festival superou suas expectativas.
"Eu, na verdade, não sabia o que esperar, mas é claro que foi uma surpresa muito grande ter duas sessões seguidas de 'Carlota Joaquina' com ingressos completamente esgotados", conta.
Mas nem só brasileiros formam o público do festival. Segundo os organizadores, 50% dos pagantes são hispânicos e norte-americanos. A imprensa local também se sensibilizou, referindo-se ao cinema brasileiro como "aquele que não se deixou contaminar com a febre de Hollywood".
Diretores e produtores narram com ar de vitória uma batalha que quase se deu por perdida no governo Collor (1990-1992).
Mauro Farias, diretor de "Não Quero Falar Sobre Isso Agora", relembra que, na época em que produzia o filme, como se não bastasse o fechamento da Embrafilme, todo o dinheiro reservado para a produção teve de ser congelado com o novo sistema.
"O filme foi concluído na base da amizade mesmo, quando eu tinha de ligar para todo mundo para saber se havia a possibilidade de filmar no fim-de-semana", conta Mauro, que trabalhou com uma verba de US$ 400 mil.
Mas o dinheiro, para Carla Camurati, não é o mais importante. Ela conta que primeiro determina uma verba, que no caso de "Carlota Joaquina" foi de US$ 600 mil, e depois trabalha com o que tem.
"Dá o maior prazer assistir ao filme e ver todo mundo elogiar o figurino como se tivesse sido feito de pura seda, mas não passa de tecido barato que causa o mesmo efeito", diz a diretora.
A projeção do cinema nacional no exterior tem aumentado. "Carlota Joaquina", nos últimos dois anos, já participou de festivais nacionais e internacionais e conta com cinco cópias do filme legendado em inglês -hoje distribuídas em Tel Aviv, Viena, Barcelona, Moscou e agora em Miami.
É a primeira vez que o filme é exibido nos Estados Unidos. Durante entrevista coletiva, profissionais de cinema discutiram a dificuldade de distribuir um filme no Brasil.
O festival vai até o próximo dia 8, com exibição alternada dos filmes "Como Nascem os Anjos", de Murillo Salles, "Pequeno Dicionário Amoroso", de Sandra Werneck, "Doces Poderes", de Lúcia Murat, "Banana is my Business", de Helena Solberg e "O Quatrilho", de Fábio Barreto.




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