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CINEMA
Lewis volta "limpa" em "Simples como Amar"
CLAUDIO CASTILHO
especial para a Folha, de Los Angeles
Depois de um hiato de três anos
longe das câmeras, Juliette Lewis
parece estar decidida a retomar de
vez sua carreira em Hollywood.
Rumores dão conta de que durante as gravações de seu penúltimo filme, "O Entardecer de uma
Estrela", em 1996, a atriz mal conseguia manter-se de pé e formar
frases sem produzir sons ininteligíveis por causa da cocaína.
De lá para cá, a imagem da atriz
havia ficado apenas na lembrança
daqueles que admiraram o trabalho dessa talentosa profissional.
Juliette Lewis, ex-namorada de
Brad Pitt, desaparecera misteriosamente do circuito cinematográfico dos EUA.
"Eu quase me destrui por completo com as drogas. Foi uma época muito difícil e triste", disse a
atriz, conhecida por interpretar
papéis de adolescentes neuróticas
e sedutoras em produções como
"Cabo do Medo", de Martin Scorsese -filme que lhe garantiu uma
indicação ao Oscar de melhor atriz
coadjuvante-, e, mais recentemente, "Assassinos por Natureza",
de Oliver Stone, no qual ela viveu
uma assassina psicótica.
Hoje, aos 25 anos, Lewis está de
volta. Ela afirma ser uma pessoa
mais madura, vivendo uma das fases mais felizes de sua vida. Longe
do vício, ela esteve internada numa
clínica de recuperação de drogados da igreja que frequenta, a Cientologia, e tenta resgatar sua carreira com o filme "Simples como
Amar", em que contracena com o
ator de "O Resgate do Soldado
Ryan" Giovanni Ribisi.
Em "Simples como Amar", do
mesmo diretor de "Uma Linda
Mulher", Garry Marshall, ela se
transforma em Carla, uma jovem
que se recupera de uma deficiência
mental e luta pela independência e
confiança de sua mãe superprotetora, Elizabeth (Diane Keaton).
Durante a entrevista à Folha,
além de falar sobre seu mais recente trabalho, que estréia hoje em São
Paulo, a atriz não hesitou em comentar sobre assuntos como a dependência às drogas e seu envolvimento com a chamada igreja das
celebridades do cinema.
Folha - Foi difícil deixar para trás
papéis de jovens neuróticas e sedutoras e interpretar uma personagem diferente, doce e inocente?
Juliette Lewis - Eu gostaria de esclarecer uma coisa: "Assassinos
por Natureza" foi um filme tão forte e pesado que acabou criando
uma imagem errada de mim na cabeça de muita gente. De repente
passei a ser vista como uma pessoa
meio pirada por causa do papel
que interpretei nesse filme.
Não vejo minha carreira limitada
a papéis desse tipo e o fato de eu ter
feito o papel de uma jovem neurótica no cinema não significa que eu
seja o espelho dela.
Folha - Alguma identificação com
a Carla interpretada por você em
"Simples como Amar"?
Lewis - Claro que sim. Só não me
identifico com o fato de ela ter encontrado o grande amor da vida
dela e eu não. Admito ter uma certa inveja de Carla por isso. No
mais, acho que ela é a personagem
que mais me identifiquei. Sempre
me senti um pouco diferente das
outras pessoas. Achava que as pessoas não me entendiam direito.
Folha - Pode ter sido esse um dos
motivos que a levaram ao vício?
Lewis - Creio que sim. Quando
comecei a usar drogas, eu não me
sentia bem comigo mesma. Parecia que não merecia toda aquela
atenção que minha carreira havia
me proporcionado. Depois de fazer "Cabo do Medo", eu não entendia por que havia toda aquela atenção e admiração das pessoas pelo
meu trabalho no filme. Era um
sentimento ruim e irracional. Foi
quando entrei numa fase de autodestruição para me ver totalmente
fora do jogo do qual fazia parte.
Folha - Seus pais fazem parte da
Igreja da Cientologia. Isso a influenciou na escolha?
Lewis - Lógico que sofri certa influência, apesar de eles nunca terem tentado me convencer a seguir
essa religião.. Sempre senti uma
atração e curiosidade naturais pelas obras do criador da Cientologia, L.Ron Hubbard. Comecei a ler
os livros dele e imediatamente me
identifiquei com seus escritos.
Folha - Como você evita cometer
erros do passado como, por exemplo, o de usar drogas?
Lewis - Não tenho mais inclinação por drogas. A mudança que
passei foi tão marcante que me
afastou de vez de qualquer ação
autodestrutiva. Mesmo quando estou chateada, precisando escapar
de problemas, sinto-me forte o suficiente para evitar o comportamento negativo.
Nessas horas sempre aparece
uma pessoa com um apoio que hoje eu sei dar valor.
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