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POESIA
Para professora, poeta reconstrói vivência de seus "personagens" e a vida na Cidade de Goiás
Cora "funda de novo" a cidade onde nasceu
DA AGÊNCIA FOLHA
Parte da história da pequena Cidade de Goiás é contada nos poemas e contos de Cora Coralina.
Para a professora Goiandira Ortiz
de Camargo, da faculdade de letras da UFG (Universidade Federal de Goiás), "através da palavra,
ela funda novamente a cidade em
que nasceu e morreu, biografando o povo do lugar e revendo os
autos do passado".
Goiandira coordena o trabalho
de leitura infantil "Pró-Ler da Cidade de Goiás", mantido pela Associação Casa de Cora Coralina.
De acordo com ela, a escritora usa
"máscaras poéticas", que permitem um maior distanciamento
para retratar as tradições e costumes de seu povo.
"A poeta recorre ao artifício de
criar Cora Coralina [pseudônimo
de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas", a velha senhora que
faz doces e versos, e Aninha, a menina que encarna as experiências
de sua infância, unindo as duas
pontas da vida."
O espírito "corrosivo" de Cora
também é citado pela professora.
Ao mesmo tempo em que canta
os pobres, os humilhados e ofendidos, expõe os seus algozes, as famílias opulentas e o poder das regras sociais.
"Quando no poema "Rio Vermelho" ela conta como fugiu de
casa para assumir uma união
proibida, que a afastou por 45
anos da cidade, critica na verdade
a sociedade." Cora antecipou seu
tempo, rompendo com uma sociedade preconceituosa quanto
ao papel social da mulher.
Segundo Goiandira, os poemas
"Minha Cidade" e "Todas as Vidas" representam a síntese da
obra de Cora. "O ritmo e a batida
seca dos versos curtos e as rimas
ásperas armam o sentido de destruição e mostram a cidade ressurgindo da ruína, por meio da
palavra, da sua literatura."
(ADRIANA CHAVES)
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