São Paulo, quarta-feira, 04 de julho de 2001

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POESIA

Para professora, poeta reconstrói vivência de seus "personagens" e a vida na Cidade de Goiás

Cora "funda de novo" a cidade onde nasceu

DA AGÊNCIA FOLHA

Parte da história da pequena Cidade de Goiás é contada nos poemas e contos de Cora Coralina. Para a professora Goiandira Ortiz de Camargo, da faculdade de letras da UFG (Universidade Federal de Goiás), "através da palavra, ela funda novamente a cidade em que nasceu e morreu, biografando o povo do lugar e revendo os autos do passado".
Goiandira coordena o trabalho de leitura infantil "Pró-Ler da Cidade de Goiás", mantido pela Associação Casa de Cora Coralina. De acordo com ela, a escritora usa "máscaras poéticas", que permitem um maior distanciamento para retratar as tradições e costumes de seu povo.
"A poeta recorre ao artifício de criar Cora Coralina [pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas", a velha senhora que faz doces e versos, e Aninha, a menina que encarna as experiências de sua infância, unindo as duas pontas da vida."
O espírito "corrosivo" de Cora também é citado pela professora. Ao mesmo tempo em que canta os pobres, os humilhados e ofendidos, expõe os seus algozes, as famílias opulentas e o poder das regras sociais.
"Quando no poema "Rio Vermelho" ela conta como fugiu de casa para assumir uma união proibida, que a afastou por 45 anos da cidade, critica na verdade a sociedade." Cora antecipou seu tempo, rompendo com uma sociedade preconceituosa quanto ao papel social da mulher.
Segundo Goiandira, os poemas "Minha Cidade" e "Todas as Vidas" representam a síntese da obra de Cora. "O ritmo e a batida seca dos versos curtos e as rimas ásperas armam o sentido de destruição e mostram a cidade ressurgindo da ruína, por meio da palavra, da sua literatura."
(ADRIANA CHAVES)



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