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Chocolate e homens delineiam quarto dia da SPFW
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
Homens e chocolate. Foi a tônica do quarto e mais fraco dia da
São Paulo Fashion Week, evento
que segue até amanhã mostrando
a moda de primavera-verão
2003/2004 nas salas montadas na
Fundação Bienal, no Ibirapuera.
A marca da estilista Glória Coelho foi a primeira do dia, trazendo
roupas decoradas com bombons
e cristais de açúcar. Na passarela,
descobriu alguns de seus temas
favoritos: as jovens heroínas,
muito utilitarismo e meninas futuristas, em vestidos, mínis e calças leggings e recortes esportivos,
com aplicações de vinil preto. Ao
final, as modelos entram conversando, tipo amiguinhas.
Mas foi a coleção anos 80 de
Alexandre Herchcovitch que se
destacou, com inspiração em um
dos amigos da adolescência do estilista, o músico Ray Ackerman,
hoje com 34 anos. Ray foi a sensação na sala de desfiles. "Perguntei
para ele o que eu deveria vestir
hoje. Resolvi vir de zebra", brincou, num sobretudo estampado.
As zebras apareceram bastante,
em muitas cores. A coleção, brilhante, tem um espírito bem electro-rock, bastante fashion, com os
meninos de chapéu, cintos de caveira e olho pintado de preto.
Outro tema do dia, o sexy, apareceu com força total na coleção
masculina de Fause Haten. Foi
sua mais consistente participação,
no homem. Fause começa a desenvolver uma identidade, e desta
vez transita com mais intimidade
no imaginário masculino.
Alguém falou em intimidade?
Para mostrar sua linha de roupas
de baixo, Haten arranca os primeiros gritinhos de um desfile
masculino na estação (papel antes
destinado a Ricardo Almeida).
Era Anderson Dornelles, top de
duas estações atrás, de cueca
branca beeem stretch. Bermudas
inspiradas em basquete e calças
jeans utilitárias lá embaixo revelam o objeto de desejo desta temporada na São Paulo Fashion
Week: o bumbum.
Em momento de puro fetiche,
Fause Haten mais uma vez investe
no bumbum, com meninos que
arrancam gemidos da platéia
-feminina e masculina. A nova
zona erógena fashion já havia
aparecido antes na Rosa Chá e nos
desfiles femininos de Marcelo
Sommer e de Reinaldo Lourenço.
Caio Gobbi, por sua vez, faz sexo adolescente, com suas jovens
pin-ups ambientadas à beira da
piscina. Com as cores da new wave, o estilista, que faz sua segunda
participação na SPFW, exercita-se bem dentro da linguagem do
jeanswear, em que consegue os
melhores momentos, como a jaqueta em alfaiataria com leve perfume retrô. Ao final, sobe uma
cortina e aparece a top drag Raphaella dublando uma música,
em clima de boate.
A UMA tem na cenografia um
dos melhores momentos da semana, ao mostrar um vídeo com
imagens da cidade assinado por
Marcio Kogan. A grife, que mantém uma interessante experiência
de varejo com sua loja, perde um
pouco de sua força na passarela,
prejudicada pela edição randômica de seus looks.
A Movimento faz o único desfile
de moda praia deste quarto dia de
evento. Esporte, sexy e retrô aparecem também como tema da coleção, que ganha mais força nas
peças com recortes e combinações de cores contrastantes.
O dia terminou com o desfile da
Osklen, com modelos em preto,
branco e vermelho desdobrados
em temas esportivos e gráficos,
tendo como pano de fundo um vídeo baseado nas imagens da cineasta alemã Leni Riefenstahl.
Veja a programação, fotos e acompanhe
os desfiles em www.folha.com.br/especial/2003/fashionweekverao
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