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São Paulo, sexta-feira, 04 de julho de 2003

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ILHA DO SOM

Reuters
Malabarista entretém turistas que assistem ao pôr-do-sol em praia da ilha espanhola de Ibiza, durante o verão do ano passado



Após fase de baixa devido à banalização do tecno, a ilha espanhola de Ibiza volta a ser, neste verão europeu, o principal centro da música eletrônica do planeta


Divulgação
Flyers do clubes Underwater e Pacha, que receberão alguns dos principais DJs do mundo em Ibiza


LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA, EM IBIZA

Dê mais uma chance a Ibiza.
A palavra de ordem para o pontapé sonoro na meca da música eletrônica mundial foi dado, para marcar o verão europeu recém-iniciado e o resgate da ilha espanhola como o verdadeiro paraíso sonoro da Terra.
Hordas de tecnofãs ingleses, alemães, espanhóis, franceses e até brasileiros começaram recentemente o trabalho de ocupação da formosa ilha das Baleares, mar Mediterrâneo adentro na costa centro-leste da Espanha, em busca de festa 24 horas por dia, sol, lugares paradisíacos, praias de culto ao hedonismo exacerbado e os principais DJs do planeta.
Do final de junho aos primeiros dias de setembro, Ibiza vê sua população aumentar de 150 mil para até 2 milhões de pessoas, segundo números divulgados pelo centro de fomento do turismo da ilha que fica a menos de uma hora de avião da cidade de Valência. E a música eletrônica é a responsável por essa sazonal explosão demográfica.
Ibiza, empurrada por nove megaclubes, começa a reverter uma situação de propaganda contra, deflagrada por alguns fatores, entre eles a banal comercialização da onda tecno que move a ilha.
Tal banalização criou até um circuito alternativo de praias, bares e clubes, que foge do turista comum da cena das batidas ininterruptas. A diversão do momento em Ibiza é descobrir onde acontecerão as famosas "festas secretas".
Até uma campanha do próprio setor de turismo local andou (e anda) preferindo hoje desviar a atenção dos visitantes para a calma das lindíssimas praias distantes, para a rica culinária mediterrânea e para o estilo hippie pregado no centro da ilha, longe da "bagunça" eletrônica.
Os ingleses, porta-vozes das maravilhas de Ibiza e principais financiadores da prosperidade da ilha, também haviam se cansado de seu local preferido de veraneio e decretaram seu esgotamento, principalmente por causa da vulgarização do uso de drogas.
Praticamente todas as publicações de música eletrônica da Inglaterra vinham todo ano com a mesma reportagem: a foto de um grupo alegre no aeroporto, indo para Ibiza, e este mesmo grupo, semanas e vários comprimidos de ecstasy depois, de volta ao Reino Unido, com o aspecto de regresso de uma guerra.
A intenção da comunidade eletrônica é levantar Ibiza outra vez, depois que outros centros hedônicos e paradisíacos, como as praias de Chipre, foram experimentados e reprovados.

Dia e noite
"Você está pronto para os melhores dias de sua vida?", proclama na capa a revista britânica de música eletrônica "Mixmag", que se autoproclama "a maior revista de cultura clubber e dance music do mundo".
A frase inicial deste texto, o da nova chance a Ibiza, é o primeiro mandamento da modernosa revista "The Face", em um "Manifesto para julho de 2003" publicado na última edição.
A ferveção em Ibiza não dá trégua. Dá para dançar música eletrônica a qualquer hora do dia ou da noite. O sol chega a ser um personagem relativo no verão clubber da ilha.
A máxima "fuck the tan" (dane-se o bronzeado) é hit em camisetas vistas às pencas nos clubes. Para que ir perder tempo em praia enquanto um pick-up está funcionando às três da tarde?
A dominação de Ibiza pela música eletrônica é vista na hora em que se chega no aeroporto local, em outdoors nas ruas, em cartazes nos restaurantes tradicionais, em feira hippie e, principalmente, no famoso circuito de bares nos vários centros da ilha, todos eles atrelados por alguma espécie de patrocínio com os grandes clubes locais.
Os principais clubes ingleses praticamente se mudam para Ibiza no verão. Festas famosas no Reino Unido como a Underwater, Subliminal Sessions, Ministry of Sound, a Cream e a Gatecrasher carregam todos os seus DJs superestrelas para Ibiza, dos mais veteranos aos mais modernos.

Custo
O DJ e apresentador de rádio Pete Tong, da Radio One (BBC), vai transmitir direto de Ibiza, durante todo o verão, seus "Essential Selection" e o famoso "Essential Mix", os principais programas da música eletrônica no rádio.
Ibiza voltou a ser cool novamente.
Mas a vida de clubber na ilha não é barata, principalmente para brasileiros. Para entrar em alguns dos principais clubes da ilha é preciso desembolsar 50 euros -equivalente a R$ 170. Uma cerveja ou um drinque custa, tabelado, 10 euros (cerca de R$ 35).


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