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MÚSICA
POLÍTICA CULTURAL
Lula sanciona ampliação de punição a crimes autorais
ABPD comemora nova lei e lamenta pirataria de 59%
DA REPORTAGEM LOCAL
Comemorando a sanção de lei
que amplia a pena mínima de crimes contra o direito autoral para
dois a quatro anos de prisão, a Associação Brasileira dos Produtores de Discos disse anteontem em
Brasília: a pirataria já pulou para
59% do mercado fonográfico.
O diretor-geral da ABPD, Paulo
Rosa, afirma que a nova lei não é
solução para o problema, mas trará efeitos práticos. "Com pena mínima de um ano, o juiz recebia o inquérito e o suspendia automaticamente", diz. Segundo ele, na
prática os piratas permanecem
réus primários e impunes.
"A certeza de impunidade e a
lucratividade da pirataria são impressionantes. Acho que com essa
nova lei essa aberração está consertada", comemora Rosa.
A ABPD recrutou artistas para
agradecer a rápida tramitação no
Congresso e a sanção da lei pelo
presidente Lula, anteontem.
Compareceram representantes
de extratos comerciais e populares: Alcione, Gabriel o Pensador,
os grupos Jota Quest, É o Tchan e
Rouge e as duplas sertanejas Gian
& Giovani e Pedro & Tiago.
Segundo Rosa, isso não caracteriza uma cisão entre a ABPD e artistas mais elitizados. "Pretendemos iniciar em agosto uma série
de reuniões com a classe para passar nossa visão sobre pirataria." E
completa: "Quanto maior a formação intelectual do artista, mais
ele pode ter propostas de soluções
diferentes das nossas".
As comemorações de quarta se
integraram a outro evento, ocorrido terça: audiência pública na
CPI da pirataria. Em fase de coleta
de dados, a CPI ouviu da ABPD
uma exposição e dados alarmantes da atual indústria fonográfica.
"Tentamos mostrar que a pirataria não é só uma atividade de
subsistência de camelôs, mas uma
rede muito bem montada por
máfias do crime organizado."
Um dos dados fornecidos foi o
de que o Paraguai importa anualmente 110 milhões de CDs regraváveis, apesar de sua demanda não chegar a 500 mil. "Os CDs desembarcam em Paranaguá (PR) e
às vezes nem chegam ao Paraguai.
A carga fica no caminho."
Responde, afinal, ao pedido feito no ato pelo presidente Lula, de
que os preços de CDs sejam reduzidos. "O presidente me disse isso
de modo franco, mas ele necessita
conhecer melhor a realidade". Segundo ele, o Brasil pratica um dos
menores preços mundiais de CD.
E sinaliza: "Quando o setor fonográfico perceber que o governo
está tomando medidas efetivas e o
setor está recuperando o mercado
usurpado pelos piratas, teremos
toda a boa vontade para encontrar saídas para essa questão".
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
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