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TELEVISÃO
Autor de tramas juvenis da Globo escreve "Começar de Novo" e prepara retorno à direção de filmes, após 21 anos
Calmon volta às telenovelas e ao cinema
DANIEL CASTRO
COLUNISTA DA FOLHA
Respeitado cineasta nos anos
70, Antonio Calmon, 58, retorna
às telenovelas das 19h da Globo
em 30 de agosto, quando estréia
"Começar de Novo". E anuncia:
"Vou voltar a fazer cinema".
Como o protagonista da nova
novela das sete, um "exilado" que
após 30 anos recupera a memória
e volta ao Brasil para colocar em
prática um plano de vingança
contra aqueles que o traíram, Calmon planeja seu retorno ao cinema em 2005, depois de mais de 21
anos de "degredo" voluntário.
Seu último longa-metragem foi
"Garota Dourada", de 1984. Depois desse fracasso de bilheteria,
ele se transformou em um especialista em séries e novelas (todas
das 19h) marcadas por aspectos
infanto-juvenis, com muitos efeitos especiais, poderes sobrenaturais, vampiros, hippies, moda,
praia. São dele, entre outras obras,
"Armação Ilimitada" (1985/1988),
"Top Model" (1999), "Vamp"
(1991) e "O Beijo do Vampiro"
(2002/2003, a última novela).
Calmon diz que negocia a direção de dois longas-metragens. O
primeiro será de "dramaturgia
concentrada", focado em um casal, e terá Marcos Paulo como
protagonista -o mesmo que viverá o desmemoriado Andrei Ivanovich em "Começar de Novo".
A novela, afirma Calmon, servirá para relançar como ator (e "galã maduro") Marcos Paulo, que
nos últimos anos se dedicou à direção de novelas.
O outro filme será uma ambiciosa produção internacional, que
terá atores norte-americanos e
brasileiros. Calmon não revela
mais detalhes, porque as negociações ainda estão em andamento.
O teledramaturgo fez quase tudo no cinema, menos fotografia.
Começou no cinema novo. Foi assistente de Glauber Rocha em
"Terra em Transe" (1967) e "O
Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro" (1969).
Depois disso, dirigiu 12 longas.
O primeiro deles, "O Capitão
Bandeira contra o Doutor Moura
Brasil" (1971), é um filme marginal, pop, com referências à maconha. Do underground, passa pela
pornochanchada chique ("Nos
Embalos de Ipanema", de 1978, e
"Mulher Sensual", 1981) e inaugura o cinema adolescente, com o
bem-sucedido "Menino do Rio"
(1982). O fracasso de "Garota
Dourada" interrompeu os planos
de uma trilogia praia-adolescente.
O cinema de Calmon, que andava restrito ao Canal Brasil, foi "redescoberto" no ano passado, em
uma mostra no Centro Cultural
Banco do Brasil de São Paulo.
"Simplesmente não existo no cinema novo. É o preço que se paga
por não ser etiquetável", diz o cineasta/teledramaturgo.
"Sempre fui rebelde. Nunca fui
escoteiro nem sacristão. Sou um
lobo da estepe", diz Calmon, que
ainda se autoetiqueta como "artista industrial" e "artista pop".
"Começar de Novo" tem ingredientes autênticos do "universo
calmoniano". Terá tom de história em quadrinhos, hippies sessentões, um pouco de praia, andróides vindos de Marte, discos
voadores e um robô.
Mas será, segundo Calmon, sua
novela mais adulta. Ou melhor,
será a novela mais adulta que já
assinou, porque esse amadurecimento se deve à co-autora, Elizabeth Jhin. É ela quem desenvolveu
o perfil da protagonista Letícia
(Natália do Valle), "que é uma
mulher real". A Calmon cabe o
protagonista masculino, que é um
herói "estilizado", inspirado no
Edmond Dantés do clássico infanto-juvenil "O Conde de Monte
Cristo", de Alexandre Dumas.
Dantés é o arquétipo do herói
traído e preso/exilado que retorna, maduro, para se vingar.
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