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Showzinho do milhão
Canais infantis alavancam mercado de megaespetáculos com personagens da TV, que levam aos teatros a criança e a família coruja
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Só os pequenos gostam do
"Hi-5", programa com cinco jovens que dançam e cantam músicas educativas, no Discovery
Kids. Mas o show baseado na
série de TV, que estréia amanhã em São Paulo, receberá
pais, avós e até tios babões. Todos lá, por um ingresso nada
barato, só para ver a carinha da
criança diante do espetáculo.
Está aí um dos segredos do
mercado de grandes produções
teatrais ligadas a personagens
televisivos. O negócio, relativamente novo, estourou com o dinossauro roxo Barney no início
da década e não pára de crescer.
O "boom" ficará evidente
neste mês e no próximo, quando São Paulo receberá quatro
shows vinculados à TV. Além
do "Hi-5", outro sucesso do
Discovery Kids que chega aos
palcos é "Backyardigans", desenho com bichinhos que cantam, dançam e brincam. Já o
Disney Channel alavancou a
produção de dois espetáculos
no gelo que passam pela capital
paulista e outras, "Princesas on
Ice" e "High School Musical
-°The Ice Tour". Também devem ser anunciados no segundo semestre um show com personagens do Cartoon, líder na
TV paga, e "Lazy Town 2", seqüência de outro inspirado em
série sueca do Discovery Kids.
"O interessante desses shows
é que são familiares. A um espetáculo de música, vai só o filho,
os pais não gostam do mesmo
artista", analisa Alexandre Faria, diretor da área de shows no
Brasil da Time 4 Fun, multinacional de produção de espetáculos, que trará ao país "Backyardigans" e "Princesas on Ice".
"Descobriu-se que personagens da TV, principalmente os
voltados à idade pré-escolar,
são ótimo nicho para o teatro.
Os pais assistem aos programas
com as crianças, querem ver o
filho feliz no teatro e não economizam para isso", diz Adolfo
Scheines, presidente da Aines,
da Argentina, que fará show do
"Hi-5" para toda a América Latina e já produziu Barney, Moranguinho e Lazy Town.
O negócio se tornou vultoso
com o crescimento da TV paga
e principalmente da audiência
dos canais infantis, que ficam à
frente até dos de filmes.
Para os pais, contudo, o mais
interessante talvez seja mesmo
assistir à reação dos filhos. Algumas produções usam truques que só os pequenos perdoam. Os problemas se dão principalmente com shows de
séries em que os protagonistas
não são bonecos, mas atores.
É o caso do "Hi-5", cuja produção custou US$ 350 mil. O
programa exibido no Brasil é
com jovens norte-americanos,
mas nos palcos teremos atores
brasileiros "parecidos com os
originais". E as vozes não serão
as de quem está no palco, mas
dos dubladores da TV. Sobre a
manobra, Scheines diz que
"quando a criança olha para o
palco, fica desconfiada, mas,
quando o grupo começa a dançar e cantar com a mesma voz
da TV, acaba achando que são
eles mesmo".
No "High School Musical
-°The Ice Tour", já visto por
quatro milhões de pessoas em
12 países, os atores nem brasileiros são e devem ter dificuldade para dublar os diálogos em
português -as canções são em
inglês. "Não é importante que
os atores sejam os mesmos,
mas que tragam a mesma energia dos originais", disfarça Nicole Feld, da multinacional
Feld Entertainment, produtora dos dois espetáculos no gelo.
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