São Paulo, sexta-feira, 04 de julho de 2008

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Para Lyra, "fase de conteúdo" da bossa nova é preterida

DOS ENVIADOS A PARATY

Na mesa "Retrato em Branco e Preto", que dividiu ontem na Flip com Lorenzo Mammì, o cantor e compositor Carlos Lyra apontou que, nas comemorações dos 50 anos da bossa nova, a fase mais lírica do movimento é mais prestigiada do que a "fase de conteúdo", próxima ao golpe militar de 1964.
Para ele, canções como "Chega de Saudade" e "Minha Namorada", em que prevalece o trinômio "o amor, o sorriso e a flor", acabam recebendo mais atenção do que "Marcha da Quarta-Feira de Cinzas", que ele considera quase premonitória da ditadura.
Lyra também comparou a bossa nova com a música feita no sul da França no século 12. "Na escola provençal, os compositores estavam preocupados em mudar o modo de cantar e também o idioma. Queriam uma linguagem mais coloquial para cantar no ouvido das damas", disse Lyra.
"Parece com a bossa nova, em que queríamos cantar as menininhas."

Jazz e bossa
Já Mammì centrou sua fala numa comparação entre o jazz e a bossa nova, partindo de dois clássicos dos gêneros: "Night and Day", de Cole Porter, e "Samba de uma Nota Só", de Tom Jobim. Para Mammì, o jazz, nos EUA dos anos 30, é o lado feliz do "fordismo". Como a bossa nova seria, para o Brasil, um desdobramento "doce" da modernização.
Lyra, que havia começado sua participação abrindo mão da leitura das cinco páginas que havia escrito, preferiu falar com o público, numa apresentação que conquistou a platéia. Lembrou da irreverência de Tom Jobim e contou uma "vingança" cometida pelo maestro, ao apresentar a ele Norman Gimbel, o homem que fez a versão em inglês de "Garota de Ipanema", que Jobim desaprovava. "Carlinhos, este é o Norman Bengell", contou.

Novos autores
Na primeira mesa do dia ("Primeiro Tempo"), que tradicionalmente é dedicada a novos autores, João Moreira Salles ("Prejudicado pelo jogo do Fluminense na véspera") foi o mediador do debate entre Michel Laub, Vanessa Barbara, Emilio Fraia e Adriana Lunardi.
Os quatro leram trechos de sua autoria e debateram questões como os desafios de conciliar o ofício de escritor com trabalhos paralelos.


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