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Para Lyra, "fase de conteúdo" da bossa nova é preterida
DOS ENVIADOS A PARATY
Na mesa "Retrato em Branco
e Preto", que dividiu ontem na
Flip com Lorenzo Mammì, o
cantor e compositor Carlos
Lyra apontou que, nas comemorações dos 50 anos da bossa
nova, a fase mais lírica do movimento é mais prestigiada do
que a "fase de conteúdo", próxima ao golpe militar de 1964.
Para ele, canções como "Chega de Saudade" e "Minha Namorada", em que prevalece o
trinômio "o amor, o sorriso e a
flor", acabam recebendo mais
atenção do que "Marcha da
Quarta-Feira de Cinzas", que
ele considera quase premonitória da ditadura.
Lyra também comparou a
bossa nova com a música feita
no sul da França no século 12.
"Na escola provençal, os compositores estavam preocupados em mudar o modo de cantar e também o idioma. Queriam uma linguagem mais coloquial para cantar no ouvido das
damas", disse Lyra.
"Parece com a bossa nova,
em que queríamos cantar as
menininhas."
Jazz e bossa
Já Mammì centrou sua fala
numa comparação entre o jazz
e a bossa nova, partindo de dois
clássicos dos gêneros: "Night
and Day", de Cole Porter, e
"Samba de uma Nota Só", de
Tom Jobim. Para Mammì, o
jazz, nos EUA dos anos 30, é o
lado feliz do "fordismo". Como
a bossa nova seria, para o Brasil,
um desdobramento "doce" da
modernização.
Lyra, que havia começado
sua participação abrindo mão
da leitura das cinco páginas que
havia escrito, preferiu falar
com o público, numa apresentação que conquistou a platéia.
Lembrou da irreverência de
Tom Jobim e contou uma "vingança" cometida pelo maestro,
ao apresentar a ele Norman
Gimbel, o homem que fez a versão em inglês de "Garota de
Ipanema", que Jobim desaprovava. "Carlinhos, este é o Norman Bengell", contou.
Novos autores
Na primeira mesa do dia
("Primeiro Tempo"), que tradicionalmente é dedicada a novos
autores, João Moreira Salles
("Prejudicado pelo jogo do Fluminense na véspera") foi o mediador do debate entre Michel
Laub, Vanessa Barbara, Emilio
Fraia e Adriana Lunardi.
Os quatro leram trechos de
sua autoria e debateram questões como os desafios de conciliar o ofício de escritor com trabalhos paralelos.
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