São Paulo, sábado, 04 de julho de 2009

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7ª FESTA LITERÁRIA INTERNACIONAL DE PARATY

Para Chico, "escrever é uma chatice"

Compositor e autor de "Leite Derramado" falou ontem à noite em mesa com Milton Hatoum, de "A Cidade Ilhada"

"Não sei exatamente onde encontrei meu romance. Queria escrever, não queria mexer com música", disse Chico Buarque em Paraty


MARCOS STRECKER
RAQUEL COZER
SYLVIA COLOMBO
ENVIADOS ESPECIAIS A PARATY

Chico escreve para ler. Para ele, "escrever é uma chatice". "Antes de começar a escrever, eu lia tudo desde o começo", disse Chico, em um dos comentários na mesa Sequências Brasileiras, ontem à noite na 7ª Festa Literária Internacional de Paraty.
Dividindo o microfone com o escritor Milton Hatoum -mediados pelo tradutor Samuel Titan Jr.-, Chico falou de diversos aspectos de seu livro "Leite Derramado".
"Não sei exatamente onde encontrei meu romance. Queria escrever, não queria mexer com música. Assim como nunca estive em Budapeste, nunca estive em 1929, quando se passa a ação. E encontrei meu narrador ao ouvir novamente a música "O Velho Francisco" [1987], um velho centenário, da época do Império ainda."
Foram apontadas semelhanças nos livros dos dois autores. Ambos disseram ser inocentes e que não tinham copiado do outro, arrancando algumas risadas do público que lotou a Tenda dos Autores.
Chico disse que deu um "google" para saber mais detalhes sobre o tema do livro de Hatoum, "A Cidade Ilhada". E contou que não fez pesquisa histórica rigorosa. "São coisas que eu ouvi. Não tenho 100 anos, mas tenho 65. Com a idade, a gente passa a ter mais intimidade com o passado. Claro que, como filho de historiador, ouvi falar muito em casa, informações paralelas, fofocas que não saíam nos livros."
Um exemplo: "Um primo comprou a cama da Marquesa de Santos e queria saber como autenticar aquilo. e meu pai falou: "Mas a marquesa de Santos tinha muitas camas, essa não vale nada" e coisa assim".
A fila para ver a mesa de Chico e Hatoum começou logo depois das 17h, assim que as pessoas que esperavam para ver a palestra anterior, de Mario Bellatin e Cristovão Tezza, entraram. Mas desde as 13h as aposentadas Maria Hilda Andrade, 73, e Maria Odete Franco, 74, andavam por ali observando, "com receio de que se formasse uma fila". As duas saíram de Salvador, na Bahia, quase um mês depois de garantir o ingresso para ver Chico. De quebra, já que em 1º de junho estavam no primeiro lugar da fila, compraram o ingresso do show de abertura e o da mesa de Richard Dawkins.


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