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VANESSA VÊ TV
VANESSA BARBARA - vanessa.barbara@uol.com.br
Campeões de audiência
A cada programa de TV que vai ao
ar, dúzias de projetos sem nexo ou
possibilidade de audiência são rejeitados. Pois a série "Campeões de
Audiência" (Canal Brasil, 0h; livre)
aposta justamente nesse rico filão.
Em 13 episódios, o ator e diretor
Michel Melamed desenvolve 26
ideias que canal nenhum, em plena
e sã consciência, teria coragem de
produzir. "São programas com temas tão estapafúrdios que nem traço no Ibope tentarão", explica.
Se algumas dessas ideias são pretensiosas, outras mereciam ir imediatamente para o horário nobre.
Como o "Game do Fodido", em que
dois pobres-diabos disputam para
ver quem é o mais desafortunado.
"Eu mesmo não almocei", observa
Melamed, gabando-se.
Um dos concorrentes é mudo, tem
pontes de safena, tifo, tumor, lepra e
nome no SPC. O outro é cego, tem asma, arteriosclerose, tétano, tuberculose e tentou o suicídio oito vezes.
Como se não bastasse, é judeu, negro e índio.
Acirrada, a disputa seria resolvida nos detalhes ("Uma diarreia!
Piolho! Unha encravada!"). Há programas que certamente enriqueceriam nossas tardes: "Joelho TV" faz
do salgado de presunto e queijo
uma estrela. "Aqua Mondo" exibe
uma degustação de águas com celebridades. "TV TV" é um debate
aberto ao público num sofá no largo
da Carioca.
"Favela Planet", por sua vez, é
um especial de viagens dedicado às
periferias. "Agora a gente vai pegar
o bondinho e encontrar o Guedes",
ele anuncia, no Morro de Santa Marta, cujos pontos turísticos são a laje
do Michael Jackson e a imagem da
santa. "Quais são as opções de estadia por aqui?", pergunta a um morador, com o guia na mão.
Já o programa "Os Melhores
Açougues, Arames Farpados e Solos
de Bateria do Mundo" é exatamente
o que diz o título. "Celebrity Sono
TV" entrevista atores como Rodrigo
Santoro, que dá um boa-noite literal
à câmera e passa cerca de seis minutos dormindo em rede nacional.
"As Mais Belas Lágrimas do Mundo" passa a receita do "kit choro":
cebola, cânfora, colírio e cuspe. O
convidado Matheus Nachtergaele é
pedido para interagir com um pneu
e se emocionar. "Eu pensei em começar dizendo: ó, pneu, quanto você já rodou. Mas depois eu percebi
que você é novo", diz, inconsolável.
E chora.
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