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Morre o poeta surrealista Roberto Piva, 72
Autor do livro "Paranóia", que lutava contra mal de Parkinson e câncer, será cremado às 11h de hoje
Piva estava internado no Hospital das Clínicas e havia perdido a consciência há 15 dias, após uma infecção geral
DE SÃO PAULO
O poeta e escritor Roberto
Piva, 72, morreu ontem, em
São Paulo, depois de passar
um período de dois meses internado no Incor (Instituto
do Coração), do Hospital das
Clínicas. Os médicos constataram a falência múltipla dos
órgãos, causada por uma infecção geral.
Piva havia sido hospitalizado com uma infecção na
próstata. Exames indicaram
que se tratava de um câncer.
O estado do escritor paulistano piorou depois que a
doença se espalhou pelos ossos. Debilitado, o paciente,
que há dez anos lutava contra o mal de Parkinson, pegou uma infecção geral.
Em janeiro, uma infecção
urinária e cardíaca já o havia
levado à internação no Hospital das Clínicas. O problema no coração exigiu uma cirurgia em março, da qual o
poeta se recuperou em casa.
De acordo com Gustavo Ribeiro Benini, 32, que acompanhou o escritor no hospital, Piva perdeu a consciência há 15 dias.
"O quadro se agravou por
uma somatória de coisas. O
gavião de penacho bateu as
asas", afirmou o colega em
referência à obra do autor.
A pedido de Piva, o corpo
dele será cremado. A cerimônia será no crematório da Vila Alpina, às 11h de hoje, e deve contar com a presença de
outros poetas brasileiros. Ele
era solteiro e estava afastado
dos parentes.
Um dos poetas mais celebrados das últimas décadas,
Roberto Piva marcou o panorama literário brasileiro.
O poeta compôs uma obra
que aliava aos movimentos
de contestação da década de
1960 uma dose de surrealismo pouco comum na tradição poética brasileira.
O livro mais conhecido de
Piva, "Paranóia", foi publicado em 1963 e causou espanto
na ocasião.
A obra chamou a atenção
tanto por conta dos versos
bem trabalhados, que compunham uma poética urbana
e, ao mesmo tempo, intimista, como pelas fotos tiradas
por Wesley Duke Lee.
Piva fez parte da geração
de autores como Hilda Hilst e
Claudio Willer; seu primeiro
editor foi o recém-falecido
Massao Ono.
Há cinco anos, a editora
Globo deu início à publicação de sua obra, composta
por três volumes -todos disponíveis no mercado.
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