São Paulo, sexta, 4 de julho de 1997.



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LANÇAMENTO
Planet Hemp mostra CD

BRUNA MONTEIRO DE BARROS
free-lance para a Folha

A banda carioca Planet Hemp -tradução: planeta maconha- estréia hoje, em São Paulo, a turnê nacional de seu segundo disco, "Os Cães Ladram Mas a Caravana Não Pára", que vendeu 150 mil cópias com um mês de lançamento.
Sem esquecer a temática original, o grupo abriu as discussões para problemas sociais. "Falamos do nosso dia-a-dia, não queremos mudar o mundo", disse à Folha o cantor Marcelo D2.
Além de D2, a banda é formada por Rafael (guitarra), Bacalhau (bateria) e Formigão (baixo).
O vocalista Gustavo Black Alien, o percussionista Negalê e o DJ Zé Gonzales participaram do CD e estarão no show. O cantor Bnegão, apesar de ter deixado a banda, se apresentará em São Paulo e no Rio.
Cheech e Chong
A faixa de trabalho do disco é "Queimando Tudo", uma homenagem ao filme homônimo que mostra dois maconheiros, o Cheech e o Chong -citados na letra.
Com ritmo leve, "Queimando Tudo" é uma exceção. No geral, o CD é hardcore e agressivo.
O encarte, por exemplo, traz fotos da chacina de Vigário Geral, de meninos carregando armas pesadas, além de um rosto desfigurado e ensanguentado.
"Queríamos deixar o encarte com cara de jornal, já que cada uma das músicas é uma notícia", diz D2.
Em "Paga Pau", o grupo lembra das brigas de torcidas nos estádios e dá sua bronca: "Pobre que mata pobre, para mim, é vacilão". "Zerovinteum" fala dos problemas do Rio, de arrastões a chacinas.
"Rappers Reais" critica cantores de hip hop que assimilam a cultura dos EUA: "Você olha para América e sua cultura você nega/LA é muito bom mas aqui que o bicho pega/Malcom X foi demais/Mas você tem que se lembrar que foi Zumbi que libertou nossos ancestrais".
Além do disco, a banda mostra no show músicas do CD "Usuário", que viraram hino na boca dos maconheiros, "Legalize Já" e "Dig Dig Dig".
No ano passado, o grupo se apresentou no Olympia, onde havia um grande esquema armado pela PM.
Em cada esquina, nos arredores da casa, havia pelo menos dois policiais com metralhadoras e cachorros.
"Espero que dessa vez seja mais leve. Se a cidade estiver calma e a polícia não tiver mais o que fazer, pode vir assistir o show", diz D2.
"Garanto que a banda não faz nada de proibido no palco e que maconha tem em qualquer show."
A bandeira da legalização da maconha continua levantada. "O jeito que a lei trata as drogas é errado. O governo jogou a polícia e o exército contra o povo e fica assistindo de cima", diz D2. "Se depender de nós, a situação vai mudar."
D2 garante que não pretende influenciar ninguém a fumar, mas que o assunto deve ser discutido: "Tenho um filho e não quero que ele seja um ignorante. Acho estranho a hipocrisia de fingir que o assunto não existe".

Show: Planet Hemp Quando: de hoje a domingo, às 22h Onde: Palace (al. dos Jamaris, 213, Moema, tel. 011/531-4900) Quanto: R$ 20 e R$ 40


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