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LANÇAMENTO
Planet Hemp
mostra CD
BRUNA MONTEIRO DE BARROS
free-lance para a Folha
A banda carioca Planet
Hemp -tradução: planeta
maconha- estréia hoje,
em São Paulo, a turnê nacional de seu segundo disco, "Os Cães Ladram Mas a
Caravana Não Pára", que
vendeu 150 mil cópias com
um mês de lançamento.
Sem esquecer a temática
original, o grupo abriu as
discussões para problemas
sociais. "Falamos do nosso
dia-a-dia, não queremos
mudar o mundo", disse à
Folha o cantor Marcelo D2.
Além de D2, a banda é
formada por Rafael (guitarra), Bacalhau (bateria) e
Formigão (baixo).
O vocalista Gustavo Black
Alien, o percussionista Negalê e o DJ Zé Gonzales participaram do CD e estarão
no show. O cantor Bnegão,
apesar de ter deixado a banda, se apresentará em São
Paulo e no Rio.
Cheech e Chong
A faixa de trabalho do disco é "Queimando Tudo",
uma homenagem ao filme
homônimo que mostra dois
maconheiros, o Cheech e o
Chong -citados na letra.
Com ritmo leve, "Queimando Tudo" é uma exceção. No geral, o CD é hardcore e agressivo.
O encarte, por exemplo,
traz fotos da chacina de Vigário Geral, de meninos
carregando armas pesadas,
além de um rosto desfigurado e ensanguentado.
"Queríamos deixar o encarte com cara de jornal, já
que cada uma das músicas é
uma notícia", diz D2.
Em "Paga Pau", o grupo
lembra das brigas de torcidas nos estádios e dá sua
bronca: "Pobre que mata
pobre, para mim, é vacilão". "Zerovinteum" fala
dos problemas do Rio, de
arrastões a chacinas.
"Rappers Reais" critica
cantores de hip hop que assimilam a cultura dos EUA:
"Você olha para América e
sua cultura você nega/LA é
muito bom mas aqui que o
bicho pega/Malcom X foi
demais/Mas você tem que
se lembrar que foi Zumbi
que libertou nossos ancestrais".
Além do disco, a banda
mostra no show músicas do
CD "Usuário", que viraram hino na boca dos maconheiros, "Legalize Já" e
"Dig Dig Dig".
No ano passado, o grupo
se apresentou no Olympia,
onde havia um grande esquema armado pela PM.
Em cada esquina, nos arredores da casa, havia pelo
menos dois policiais com
metralhadoras e cachorros.
"Espero que dessa vez seja mais leve. Se a cidade estiver calma e a polícia não tiver mais o que fazer, pode
vir assistir o show", diz D2.
"Garanto que a banda
não faz nada de proibido no
palco e que maconha tem
em qualquer show."
A bandeira da legalização
da maconha continua levantada. "O jeito que a lei
trata as drogas é errado. O
governo jogou a polícia e o
exército contra o povo e fica
assistindo de cima", diz D2.
"Se depender de nós, a situação vai mudar."
D2 garante que não pretende influenciar ninguém
a fumar, mas que o assunto
deve ser discutido: "Tenho
um filho e não quero que ele
seja um ignorante. Acho estranho a hipocrisia de fingir
que o assunto não existe".
Show: Planet Hemp
Quando: de hoje a domingo, às
22h
Onde: Palace (al. dos Jamaris, 213,
Moema, tel. 011/531-4900)
Quanto: R$ 20 e R$ 40
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