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LIVROS/LANÇAMENTOS
"ONE FOR MY BABY"
Pouco conhecido, autor inglês já desbancou Nick Hornby
Romance de Tony Parsons
é até para os fãs de Sinatra
Associated Press
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Fãs cercam Frank Sinatra (1915-1998), em foto de 1943; cantor é uma das referências do livro de Parsons |
ANTONIO BIVAR
ESPECIAL PARA A FOLHA
Em julho ele passou o amigo
Nick Hornby (e seu novo romance "How to Be Good") para o
segundo lugar, na lista dos best-sellers capa dura na Inglaterra.
Conhecidíssimo lá e ainda desconhecido no mundão, Tony Parsons acabava de retornar dos States onde fora em turnê promocional e palestras por conta de seu
primeiro romance de sucesso,
"Man and Boy", de 1998 (que só
na Inglaterra vendeu mais de milhão de cópias e já foi traduzido
em mais de 20 línguas).
Sua volta a Londres coincidiu
com o lançamento do romance
seguinte, "One for My Baby", em
2 de julho. Duas semanas depois
estava de novo em primeiro lugar.
"One for My Baby" é uma delícia de romance. Não fosse o autor,
no brilho, na inteligência e no estilo de contar histórias, um craque
do primeiro time, o livro seria
equivalente a uma "soap opera",
acanhada para o nosso horário
das sete. E como consegue fazer
chorar o leitor! Críticos e marmanjos comentaram ter chorado;
eu, confesso, chorei umas 200 das
330 páginas do romance.
Alfie Budd, o protagonista, tem
cerca de 40 anos. Rose, sua mulher -bela, olhos de Bambi, gentil, curiosa e corajosa-, morreu
num acidente quando mergulhavam em Hong Kong, onde trabalhavam: ela, executiva, e ele, professor de inglês. Viúvo, Alfie volta
a Londres achando que o grande
amor da vida é insubstituível.
Lá, continua como professor,
dando aulas para estrangeiros. É
feliz no novo trabalho e acaba indo para a cama com algumas alunas. Mas sem narrativa sexual que
possa ofender leitores família.
Eis que surge Jackie Day, a faxineira da escola, vestida à maneira
de Madonna dos primeiros anos e
leitora de Carson McCullers ("O
Coração É um Caçador Solitário"). Só que não devo contar toda
a história de "One for My Baby",
porque o bom neste romance é
nele ir redescobrindo com o autor
os fatos da vida. E os outros personagens simpáticos como o amigo
posudo, a família chinesa, o mestre de Tai Chi e... Frank Sinatra!
E por que Sinatra, se o cantor é
da geração do avô de Alfie?
Parsons não fica no seu mundinho, cai fora dele e cria outros
mundos. Estamos diante de um
neo-realismo. A música da Motown, à qual seu pai é ligado, é sobre ser jovem; as de Sinatra, sobre
estar vivo.
E assim como ele nos ensina tai-chi e inglês para estrangeiros, ao
longo do livro Alfie tergiversa sobre Sinatra. Comenta seus grandes LPs dos anos 50, pela Capitol.
Lembra o Sinatra ator, em filmes
como "A Um Passo da Eternidade" e "Deus Sabe Quanto Amei".
E assim como não esquece a Rose,
ele acha que Sinatra nunca conseguiu esquecer Ava Gardner. "Ouvir Sinatra me faz sentir que não
estou tão sozinho. Escutar Sinatra
me faz sentir mais humano. Preciso da música dele do mesmo modo que um cara normal precisa de
comida e futebol." Em suma:
"One for My Baby" é um romance
até para os fãs de Sinatra!
Tony Parsons não é um romancista de formação acadêmica. Teve como escola o jornalismo popular sofisticado. Nascido perto
de Londres (Essex) em 53, ao deixar a escola trabalhou numa destilaria de gim até passar num teste
para escrever no "NME" em 77.
Nos 90 tornou-se colunista na
grande imprensa e no "Late Review", programa de debates culturais na BBC, durante seis anos,
tornando-se bem conhecido.
Seu livro "Man and Boy" venceu o Book of the Year do British
Book Awards e vai virar filme. Nada de Hollywood, como Nick
Hornby; Parsons vendeu os direitos para a BBC. Vive em Londres
com sua segunda mulher, Yuriko,
e tem um filho, Robert, 21, estudante de cinema, do casamento
com Julie Burchill.
Antonio Bivar é escritor, dramaturgo e
autor de "O que É Punk", entre outros
ONE FOR MY BABY
Autor: Tony Parsons
Editora: HarperCollins Publishers (Londres)
Quanto: 15,99 libras; cerca de R$ 57
(capa dura)
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