São Paulo, quarta-feira, 04 de agosto de 2004
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CINEMA Filme "Portas da Cidade" está em mostra do MIS Curta revive o passado, o luxo e a beleza do centro de São Paulo
JORDANA VIOTTO FREE-LANCE PARA A FOLHA O glamour do centro de São Paulo nos anos 40 e 50 é o gancho do curta-metragem "Portas da Cidade", dos estreantes Alexandre Carvalho e Cauê Ueda. O filme parte da história de Reynaldo da Silva Carvalho, que é avô de Alexandre e trabalhou como porteiro do Hotel Cinelândia, na avenida São João. Ele testemunhou o vaivém de celebridades, empresários e políticos que se hospedavam lá. "Portas da Cidade" retrata esse universo e passeia pelas lembranças de personalidades que viveram os anos dourados do chamado centro velho. É o caso da atriz Vida Alves, protagonista do primeiro beijo da televisão brasileira, e do ator Cesar Monteclaro, sensação das radionovelas e da TV na época, que são alguns dos entrevistados do documentário. Depois o filme viaja ao Centro atual, buscando a beleza e o charme que ainda estão presentes no local. "Muita gente pode achar que queremos colocar a sujeira debaixo do tapete, falar que no Centro não existem problemas. Mas nossa idéia foi mostrar as coisas boas que ainda estão lá e que muitas vezes as pessoas não vêem", explica Ueda, diretor de fotografia de "Portas da Cidade". O filme teve um orçamento modesto de R$ 40 mil. A maior parte dessa verba (R$ 35 mil) foi paga com o dinheiro recebido pelo Prêmio Estímulo de Curta-Metragem, concedido ao curta em 2001 pela Secretaria de Estado da Cultura de SP. O restante foi pago pelos próprios cineastas. A produção recebeu também os prêmios de melhor fotografia e melhor montagem na categoria "documentário de curta-metragem" do 1º Festival de Cinema de Maringá neste ano. Agora o curta embarca para outros dois eventos: o 15º Festival Internacional de Curtas-Metragens de SP e o New York Brazilian Festival. "Portas da Cidade" está em cartaz de hoje a domingo no MIS, dentro do festival Formato Curta, com outros dois filmes: "Noite de Sol" e "Cio Gasoline". O trailer está disponível no site do filme (http://sites.uol.com.br/portasdacidade), bem como fotos de takes e de bastidores. História de um hotel O hotel Cinelândia foi aberto em 1941, na av. São João, 613 (quase esquina com a av. Ipiranga). O empreendimento era de José Tjurs, dono da rede Horsa -responsável pelo Conjunto Nacional, na avenida Paulista, e pelo Hotel Nacional, do Rio, entre outros. Em 1943, Reynaldo da Silva Carvalho -que inspirou "Portas da Cidade"- começou a trabalhar lá. "Tinha 19 anos e fui contratado como mensageiro. Depois fui porteiro e cheguei a chefiar a portaria", relembra ele, que ficou no hotel até 1958. Carvalho completou 80 anos no dia 28 de julho, mas se lembra bem de seus "fregueses". "A Dercy Gonçalves vivia no hotel, que era praticamente a casa dela em São Paulo. O Oscarito e o ex-governador Adhemar de Barros também passaram por lá", conta. Em 1958 o prédio foi comprado por um grupo da área financeira e mudou de nome para Hotel Cineasta. O empreendimento chegou a sobreviver à decadência da região central dos anos 70 e 80, mas em 2000 fechou suas portas. "Sinto pena quando passo lá e vejo um lugar tão bonito abandonado daquele jeito", lamenta Carvalho. Hoje só fica um vigia no local. Segundo ele, que não quis se identificar, os 90 apartamentos continuam montados e há planos de reabri-lo. Mas não há previsão de quando isso será feito. FORMATO CURTA. Onde: MIS (av. Europa, 158, SP, tel.: 0/xx/11/3062-9197). Quando: de hoje a 7/8. Quanto: grátis. Site: www.mis.sp.gov.br. Texto Anterior: Espaço tem um histórico de abandono Próximo Texto: Panorâmica - Cinema: 57º Festival de Locarno homenageará o jornalismo Índice |
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