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Wilco traz mistura sonora e atitude
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
A história do lançamento do
disco "Yankee Hotel Foxtrot"
(2001) resume perfeitamente o tipo de som e de atitude que os norte-americanos do Wilco vão trazer ao país para seu show no Tim
Festival, em outubro.
Após gravar a mistura sonora
de folk, country, rock e experimentalismo que originou o álbum, seu quarto, a banda brigou
com a gravadora, que achava o
disco comercialmente inviável, e
comprou as fitas da gravação. Vazou-as na internet e esperou pela
reação dos fãs, que baixaram as
músicas e compareceram aos
shows, levando a gravadora a recomprar o álbum e lançá-lo como
a banda queria. O resultado foi
aclamação por parte da crítica.
Espremidos no festival entre a
grande expectativa (os Strokes) e
os mais recentes queridinhos da
crítica (o Arcade Fire), o líder Jeff
Tweedy e seus parceiros prometem fazer um apanhado da carreira. Em entrevista à Folha, Tweedy
falou sobre a vinda, a banda e a
postura em relação à internet.
Folha - Como você descreveria o
som do Wilco para um brasileiro
que não conhece o grupo?
Jeff Tweedy - Bem... é uma pergunta difícil... Acho que é rock
com uma atitude de curiosidade.
Nós encaramos a música com
uma abordagem bem ampla, utilizando várias fontes, fazendo
uma coisa experimental que tem
elementos de folk, punk, rock. Somos curiosos musicalmente, ouvimos muitas coisas diferentes e o
resultado é... bem, Wilco.
Folha - E quem ouve a banda?
Tweedy - Eu não sei exatamente
qual a cara do fã da banda. Atualmente temos tido bastante público jovem, mas a faixa etária é muito ampla, no geral -há desde
gente mais velha e fã de country
até jovens interessados em rock
alternativo. Tenho muito orgulho
de saber que não temos um estereótipo de fã. Fazemos muitas
turnês e tentamos tomar conta do
nosso público, mantendo baixo o
preço dos ingressos, permitindo
que os fãs gravem os shows, fazendo apresentações longas.
Folha - Além de permitir gravações, vocês também estimulam a
troca de arquivos pela internet.
Com a recente decisão da Suprema
Corte dos EUA contra esse tipo de
troca, você acredita que os internautas estão perdendo a guerra?
Tweedy - Eles certamente perderam essa batalha, mas o fato é que
a tecnologia que permite a troca
de arquivos existe -e, com isso, a
guerra já está ganha. As corporações vão continuar vencendo algumas batalhas ocasionalmente,
mas, a menos que eles queiram
acabar com a internet, a troca de
arquivos vai continuar existindo.
Folha - E o argumento de que a
troca de música na rede prejudica
os artistas, reduzindo as vendas?
Tweedy - É obviamente falso. As
gravadoras criam seus próprios
problemas. Se eu fosse o presidente de uma empresa que tira
seus lucros do interesse que as
pessoas têm por música, estaria
pulando de alegria pelo fato de as
pessoas estarem trocando e ouvindo música na internet.
Folha - Vocês já começaram a gravar o próximo álbum? Haverá músicas novas nos shows do Brasil?
Tweedy - Vamos fazer as sessões
iniciais este mês, tocar, trabalhar
com o material que temos e decidir o que queremos fazer. Como é
a primeira vez que nos apresentamos no país, certamente vamos
fazer um apanhado dos discos.
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