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Câmara discute redução de impostos para música nacional
Relatório que será votado amanhã sugere menos tributos para CDs e DVDs de artistas brasileiros; queda no preço final dos produtos pode chegar a 10%
MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Será votado amanhã por uma
comissão especial da Câmara
dos Deputados o relatório da
PEC (Proposta de Emenda à
Constituição) da Música, que
propõe a imunidade tributária
para gravações de obras desenvolvidas por artistas e compositores brasileiros.
O deputado Otávio Leite
(PSDB- RJ), redator da proposta, afirma que, com a imunidade, os preços finais de CDs e
DVDs musicais cairão a ponto
de levantar o destroçado mercado de música atual.
"Atualmente, na cadeia produtiva de um CD -desde o ato
de criação, passando pela gravação, registro, formatação do
fonograma, multiplicação, distribuição, até a venda em loja-,
incidem, em cascata, cerca de
25% de tributo direto", diz.
O número representa produtos manufaturados na Zona
Franca de Manaus, isenta de
IPI. Fora dela, eles são ainda
mais expressivos. Segundo
Paulo Rosa, presidente da
ABPD (Associação Brasileira
dos Produtores de Discos), chega-se atualmente a cerca de
42% de impostos pagos para
CDs e DVDs produzidos fora da
Zona Franca (veja quadro).
Segundo cálculos de Leonardo Ganem, presidente da Som
Livre, o consumidor vai experimentar uma redução média de
5% a 10% nos preços finais dos
produtos. Um CD que hoje custa R$ 25 cairia para R$ 22,50.
"Parece pouco, mas é uma redução média muito importante
quando multiplicamos isso pelos milhões de unidades vendidas anualmente no Brasil", diz.
Adesões
Alexandre Schiavo, presidente da Sony Music, afirma
que o apoio maciço dos artistas
pode ser fundamental para que
a proposta não caia naquele
limbo em que se encontram
tantas outras PEC. Além das
gravadoras Universal Music,
Som Livre, Sony Music, EMI,
WarnerMusic e da Associação
Brasileira de Música Independente (ABMI), músicos como
Zezé Di Camargo & Luciano,
Sandra de Sá, Fagner, Leoni,
Frejat e Francis Hime ligaram
seus nomes à causa.
"Todos sofrem com a pirataria", diz Schiavo. "A Sony, por
exemplo, enfrentou forte período de reestruturação em que
diversos empregos foram perdidos." Ele diz que a gravadora
quer vender a maior quantidade possível de música, já que
"com preço alto, não se vende a
quantidade necessária para cobrir os investimentos."
Schiavo traça um paralelo
entre o mercado de música e o
de livros, em que há imunidade
tributária. "Não existe diferença entre um livro de um autor
nacional e um CD de um artista
nacional. Ambos devem gozar
do mesmo benefício para criar
cada vez mais novos lançamentos e gerar novos empregos."
Marcelo Castello Branco, da
EMI, concorda: "Por que uma
poesia de Caetano Veloso publicada em livro é cultura e a
mesma poesia de Caetano cantada é negócio?".
Agora, os próximos passos
são a aprovação na Câmara e no
Senado.
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