São Paulo, segunda-feira, 04 de setembro de 2000


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SHOW/CRÍTICA

Cheio de tensão e energia, Ira! recupera repertório em "Ao Vivo"

MARCELO VALLETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um Ira! cheio de energia, porém tenso, subiu na última sexta ao palco do teatro do Memorial da América Latina, em São Paulo, para gravar o seu primeiro disco ao vivo -o projeto também prevê um especial para a MTV, que será lançado em VHS e DVD.
A platéia, composta por jovens e velhos roqueiros que não chegaram a lotar o teatro, já estava cansada de esperar -e de escutar música eletrônica- quando o Ira! abriu a noite com os hits antigos "Gritos na Multidão", "Dias de Luta" e "Longe de Tudo", responsáveis pelos momentos de maior empolgação.
Das 20 músicas do show -nove foram repetidas no bis, afinal, era uma gravação-, 12 foram registradas nos dois primeiros LPs da banda, "Mudança de Comportamento", de 1985, e "Vivendo e Não Aprendendo", de 1986.
A banda aproveita para recuperar o repertório clássico, explorado despudoradamente por sua antiga gravadora, a WEA, em repetidas coletâneas que pintam nas lojas sazonalmente -a mais recente, que evoca a Internet, contém quase todas as músicas do "Ao Vivo" e só foi descoberta pelos membros do Ira! quando já estava nas lojas, afirmou o vocalista Nasi à Folha, na semana passada.
Dessa safra, entraram também "Mudança de Comportamento", "Vitrine Viva", "Envelheço na Cidade", "Como os Ponteiros de um Relógio", "Coração" -"música que gostávamos de tocar em 82, 83, em clubes como Napalm e Madame Satã", disse ao público o guitarrista Edgard Scandurra, nervoso-, "Pobre Paulista" e "Núcleo Base" -estas duas encerraram a apresentação.
Todas foram tocadas de forma conservadora, com fidelidade às gravações originais. Ficaram diferentes apenas "Flores em Você", aqui em versão rock, e "Tolices", que evocou o projeto "Acústico" da MTV, com o baterista André Jung no bongô e o violão de Fábio Golfetti, do grupo psicodélico-progressivo Violeta de Outono.
As músicas inéditas, as baladas "Em Memória", "À Primeira Vista" e "Superficial", mostraram a banda em fase bem mais calma. O inusitado ficou por conta de "Inundação de Amor", de Ciro Pessoa e Júlio Barroso, com participação do DJ Ramilson Maia e do tecladista Johnny Boy. É bom ver que o Ira! não parou no tempo, mas o público parece não gostar muito de mudanças.
Não foi o melhor show do Ira! -culpa das câmeras e dos gravadores, que brecaram a espontaneidade do grupo, que emocionou mais pelo repertório do que pela performance esforçada.
Ira!    


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