São Paulo, sábado, 04 de setembro de 2010
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ENTREVISTA CHRISTOPH TÜRCKE "Tela lança choques sensuais assim como injeções de heroína"
MARCOS FLAMÍNIO PERES DE SÃO PAULO A sociedade do espetáculo do pós-Guerra se transformou hoje na sociedade da sensação, mergulhada num excitamento contínuo de efeito similar ao das drogas. Essa alarmante tese high tech é defendida pelo filósofo alemão Christoph Türcke, que estará em São Paulo na semana que vem para lançar os livros "Sociedade Excitada" e "Filosofia do Sonho". Se o marxista francês Guy Debord atacou o consumismo em sua obra pioneira de 1967 ("A Sociedade do Espetáculo"), Türcke defende que o aprofundamento da revolução tecnológica, no final do século 20, provoca um frenesi viciante de "choques" imagéticos e visuais. "Trata-se de injeções sensuais", afirma na entrevista abaixo à Folha. Assim como as drogas evoluíram em potência -do ópio para a morfina e heroína, das bebidas fermentadas para as destiladas-, a "metralhadora audiovisual" contemporânea provocou um aumento de dependência por parte de seus "usuários". "Isso é o que chamo de distração concentrada." Herdeiro da Escola de Frankfurt, que fundia marxismo e psicanálise, Türcke conclui que a sociedade da sensação se materializa no fetiche. Pois, diz, "fetiches são sintomas de abstinência, substitutos de algo de que se foi dolorosamente privado".
Folha - O conceito de "sociedade da sensação" não é intelectualista demais?
Como assim, injeções sensuais?
Como o vício define a sociedade da sensação?
Então, em um mundo conectado como o atual, as pessoas
estão virtualmente viciadas?
Citando Trótski, o sr. propõe
uma relação íntima entre
igreja, cinema e álcool. Qual a
razão disso?
O sr. diz que, com a invenção
do destilado, destruiu-se a
cultura do beber e também
que a vitória da morfina e da
heroína sobre o ópio mudou
o padrão do "frenesi", devido
à multiplicação do efeito tóxico. Quais as implicações disso para a sociedade contemporânea?
Então novas drogas, tanto
químicas quanto "tecnológicas", deverão necessariamente se desenvolver?
Parafraseando o "Manifesto
Comunista", de Marx e Engels, o sr. afirma que as pessoas não suportam "o peso da
sobriedade". Essa é uma característica da sociedade da
sensação?
Então a "metralhadora audiovisual" liquida a perspectiva
de alguma salvação?
O sr. é um crítico da "dupla
estratégia" do Greenpeace,
de criticar e condescender?
Qual a implicação disso para
o movimento ambientalista?
A vida é sonho? FILOSOFIA DO SONHO AUTOR Christoph Türcke TRADUÇÃO Paulo Rudi Schneider EDITORA Unijuí QUANTO R$ 48 (328 págs.) AVALIAÇÃO bom SOCIEDADE EXCITADA AUTOR Christoph Türcke TRADUÇÃO Vários tradutores EDITORA Unicamp QUANTO R$ 88 (328 págs.) AVALIAÇÃO bom LANÇAMENTO 9/9, às 19h, no Instituto Goethe (rua Lisboa, 974, tel. 0/xx/11/3296-7000), com tradução simultânea Texto Anterior: Crítica/Romance: Com uso de referências pop e parábolas, "O Evangelho de Barrabás" é cheio de graça Próximo Texto: Frases Índice |
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