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Ópera cômica de Donizetti tem última récita hoje em São Paulo
Italiano Enzo Dara dirige montagem caprichosa de 'Don Pasquale'
JOÃO BATISTA NATALI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ópera não é apenas um drama pesado. Pode também ser um espetáculo engraçadíssimo. Gaetano
Donizetti (1797-1848) nos deixou como exemplo disso "Don Pasquale", que tem hoje sua última
récita no teatro São Pedro.
É a reapresentação de uma caprichosa produção que estreou no mesmo local em agosto do ano
passado.
"Don Pasquale" conta a história de um idoso solteirão que, movido pela avareza, descobre que
o sobrinho e único herdeiro está apaixonado por uma viúva linda e sem nenhuma fortuna.
O cômico personagem decide então procurar alguma jovem para com ela se casar e produzir
descendentes.
Eis que seu melhor amigo diz ter uma sobrinha que acaba de deixar um convento. Ele a
apresenta e promove, sem que Pasquale o saiba, um simulacro de matrimônio.
A tímida noiva, transformada em esposa, põe-se a gastar a fortuna do velho e não hesita em
querer enfeitar a cabeça dele com um belo par de chifres.
Arrependido, Pasquale diz que tudo daria para voltar ao celibato e à antiga paz doméstica. É
quando o melhor amigo conta que tudo não passou de uma farsa e que a suposta esposa era, em
verdade, a viúva por quem o sobrinho está apaixonado.
Tudo acaba segundo os conformes, com o casamento -agora verdadeiro- do jovem casal, sob as
bênçãos e o patrimônio do tio idoso.
Duas características tornam o espetáculo exemplar. Primeiro é a direção cênica de Enzo Dara,
um dos maiores baixos da ópera italiana, que, ao se aposentar há sete anos, tornou-se
diretor cênico e é professor da matéria na Academia do Scala de Milão.
As marcações de Dara, com dezenas de minúcias de imensa comicidade, foram inteiramente
retomadas pelo produtor Paulo Abrão Esper.
A segunda característica está na qualidade e na presença cênica dos solistas. Pasquale é
interpretado pelo barítono Saulo Javan.
A soprano Rosana Lamosa faz a noiva Norina, e o tenor Fernando Portari é o sobrinho Ernesto
(a dupla esteve no recente "Romeu e Julieta", de Gounod, também no São Pedro). E Malatesta,
o artífice do falso matrimônio, é feito pelo barítono Inácio De Nonno.
A orquestra do São Pedro, que recebeu em 2010 o Prêmio Carlos Gomes por seu rápido
amadurecimento técnico, a exemplo da produção original, é regida com muita sutileza pelo
maestro italiano Vito Clemente.
DON PASQUALE
QUANDO hoje, às 17h
ONDE Teatro São Pedro (rua Barra Funda, 171, tel. 0/xx/11/3667-0499)
QUANTO R$ 30
CLASSIFICAÇÃO 8 anos
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