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ARTES PLÁSTICAS
Série é baseada em painéis de Lisboa e do Nordeste, reproduzidos em grandes dimensões em galeria de SP
Varejão amplia melancolia em "Azulejão"
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Tudo é superlativo nas novas
obras da artista plástica Adriana
Varejão. "Azulejão", a mostra que
ela inaugura amanhã, em São
Paulo, tem uma instalação que
cobre duas paredes inteiras da galeria, com 70 telas reproduzindo
azulejos com dimensões de 1 m2.
Há também o "quadrão", uma tela de 2,3 m por 1,9 m, sobre 160
pratos.
"No exterior, as pessoas sempre
têm dificuldade em falar meu nome, por causa do "ão", que é um
som da língua portuguesa, e faço
uma brincadeira com isso", diz.
As obras foram criadas especialmente para a galeria. Os dois
grandes murais de telas imitam
painéis de azulejos que Varejão
pesquisou em Salvador e Cachoeira, na Bahia, Olinda, Recife e
Lisboa. "Foi em Cachoeira que vi
painéis desconstruídos e estou
dando grandes dimensões a eles."
Varejão fotografou azulejos pelas cidades por onde passou e, ao
ampliá-los cerca de 7 vezes, faz
com que os detalhes assumam
grande importância.
"Azulejos azuis sempre me impressionaram, eles transmitem
melancolia", diz a artista. Esse
sentimento é traduzido nas novas
obras, o que entra em contraste
com seus trabalhos mais conhecidos, em geral de grande violência,
como as séries nas quais Varejão
cria massas de carne viva que
rompem com superfícies, muitas
vezes imitando azulejos.
No mezanino da galeria, ela
mostra uma série que retoma a
veemência em suas outras obras.
São três telas, também como azulejos, suportadas por blocos de
carne. Uma delas é uma homenagem ao italiano Lucio Fontana,
com cortes verticais na tela, que
mostram os blocos de carne na
parte interior. "Sempre admirei
os artistas que exploraram a carne
como objeto de pintura, seja
Rembrandt ou Francis Bacon."
Nas novas obras, a carne assume formato mais compacto, como carne-seca, fruto de fotos que
a artista fez em Caruaru. "Vivo fotografando açougues e azulejos."
No próximo ano, Varejão prepara uma grande exposição na
galeria Vitoria Miro, em Londres.
De lá, em breve, a artista aguarda
boas notícias. Ela foi procurada
pela Tate Modern para a aquisição de sua obra "Azulejaria Verde
em Carne Viva", e a decisão está
para ser formalizada pelo conselho curador do museu. Se aprovada, será o segundo nome brasileiro a entrar para o acervo da Tate.
O primeiro foi o escultor Sergio
Camargo (1930-1990).
O quê: Azulejão (térreo), Carne e Pratos
(mezanino), obras de Adriana Varejão
Onde: galeria Camargo Vilaça (r.
Fradique Coutinho, 1.500, Vila
Madalena, tel. 0/xx/11/3032-7066)
Quando: abertura amanhã, às 20h; de
seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h
às 14h. Até 31/10;
Quanto: entrada franca; obras de US$ 10
mil a US$ 30 mil
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