PAOULA ABOU-JAOUDE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES

O costumeiro dia de fúria numa metrópole caótica e estressante, como Nova York, já foi retratado por cineastas engajados como Sidney Lumet e Martin Scorsese. Coube a um forasteiro, o inglês Roger Michell ("Um Lugar Chamado Notting Hill), a tarefa de atualizar um gênero que, há tempos, não dava as caras.
O drama "Fora de Controle", que estréia hoje em SP e tem roteiro do cultuado Michael Tolkin ("O Jogador"), transforma uma Sexta-Feira Santa num dia de fúria para Ben Affleck e Samuel L. Jackson. O primeiro é um advogado bem-sucedido de Wall Street, e o segundo, um ex-alcóolatra que tenta encaminhar a vida decentemente a fim de comover a mulher que o está deixando. O destino de ambos é alterado quando o Mercedes de Affleck acerta o Toyota de Jackson.
Affleck, que abandona Jackson em lugar totalmente inóspito, deixa para trás também um documento que isenta seu futuro sogro (Sydney Pollack) de uma operação excusa. Durante as 36 horas seguintes, uma guerra entre esses dois homens é travada.
""Fora de Controle" foi uma grande oportunidade. É a primeira vez que faço um cara que toma as decisões erradas, é egoísta e antiético", explica Affleck em entrevista à Folha. "Senti orgulho de minha performance. Esqueci as terríveis críticas que recebi em "Pearl Harbor"."
Menos visado pela fúria dos críticos, Jackson aceitou "Fora de Controle" por seu personagem ser facilmente identificável. "Trata-se daquela pessoa que não nasceu com a estrela e que considera qualquer situação adversa uma afronta pessoal. Cruzamos com essas pessoas todos os dias."
Jackson diz que ficou impressionado com o método de trabalho de Michell. "Ele foi o responsável pela minha quietude, pois tendo a querer explodir dentro das pessoas que interpreto."
Enquanto a invasão de privacidade é algo que enfurece Affleck (que namora Jennifer Lopez), Jackson tem outros exemplos de situações que o tiram do sério. "Fico possesso quando entro na fila expressa do supermercado e o cara que está na minha frente tem cinco itens a mais que o permitido e efetua o pagamento com cheque. Tenho vontade de matar o desgraçado."


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