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Família pretende digitalizar acervo fotográfico de Zélia
Imagens feitas pela viúva de Jorge Amado antes de se dedicar à literatura incluem cliques de Sartre, Neruda e Niemeyer
Idéia é doar o acervo de fotogramas para o projeto Memorial Jorge Amado, que ainda não foi concretizado por falta de investidores
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Antes de iniciar sua carreira
literária, Zélia Gattai "trabalhou" como fotógrafa oficial do
marido Jorge Amado, acompanhando-o em viagens por todos
os continentes. "Nunca usei
equipamento digital para eternizar os momentos de Jorge.
Além das fotografias, eu ainda
revelava os filmes, ampliava e
identificava os contatos", disse
a escritora.
O resultado dessa dedicação
pode ser traduzido em números. O arquivo da viúva do escritor baiano soma aproximadamente 30 mil negativos. "Jorge
Amado aparece em quase todos, acompanhado de personalidades, recebendo homenagens ou mesmo solitário, escrevendo seus romances, lendo,
visitando bibliotecas ou caminhando por praças e parques",
contou Zélia.
Para comemorar os 91 anos
da escritora, completados em 2
de julho deste ano, a filha Paloma Amado organizou uma
mostra com 42 fotos em preto-e-branco, onde Jorge e Zélia
aparecem ao lado do escritor
francês Jean-Paul Sartre
(1905-1980), do poeta chileno
Pablo Neruda (1904-1973), do
compositor Caetano Veloso e
do arquiteto Oscar Niemeyer,
entre outras personalidades.
"Convivi com alguns dos
maiores intelectuais, escritores
e artistas da segunda metade do
século 20. Ao lado de Jorge
Amado, tive o privilégio de registrar uma parte desta história", lembrou Zélia.
Os problemas de saúde da escritora e a crise financeira por
que passa atualmente a Fundação Casa de Jorge Amado parecem não ter tido efeito sobre o
ânimo da família. "Estamos
trabalhando na digitalização de
todo o acervo fotográfico de minha mãe. Recentemente, concluímos a revisão da identificação dos fotogramas", afirmou
Paloma.
A intenção da família é doar o
acervo para o projeto Memorial
Jorge Amado, que ainda não
saiu do papel por falta de investidores dispostos a bancar a reforma da casa comprada pelo
escritor no começo da década
de 60.
"Nós temos esperança na
concretização deste projeto.
Mas, até conseguirmos captar
todo o [dinheiro para o] investimento, nós não vamos parar de
trabalhar, porque a memória
do meu pai tem de ser preservada por tudo o que ele representou para o Brasil", arrematou
Paloma.
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