São Paulo, domingo, 04 de novembro de 2007

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Família pretende digitalizar acervo fotográfico de Zélia

Imagens feitas pela viúva de Jorge Amado antes de se dedicar à literatura incluem cliques de Sartre, Neruda e Niemeyer

Idéia é doar o acervo de fotogramas para o projeto Memorial Jorge Amado, que ainda não foi concretizado por falta de investidores

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Antes de iniciar sua carreira literária, Zélia Gattai "trabalhou" como fotógrafa oficial do marido Jorge Amado, acompanhando-o em viagens por todos os continentes. "Nunca usei equipamento digital para eternizar os momentos de Jorge. Além das fotografias, eu ainda revelava os filmes, ampliava e identificava os contatos", disse a escritora.
O resultado dessa dedicação pode ser traduzido em números. O arquivo da viúva do escritor baiano soma aproximadamente 30 mil negativos. "Jorge Amado aparece em quase todos, acompanhado de personalidades, recebendo homenagens ou mesmo solitário, escrevendo seus romances, lendo, visitando bibliotecas ou caminhando por praças e parques", contou Zélia.
Para comemorar os 91 anos da escritora, completados em 2 de julho deste ano, a filha Paloma Amado organizou uma mostra com 42 fotos em preto-e-branco, onde Jorge e Zélia aparecem ao lado do escritor francês Jean-Paul Sartre (1905-1980), do poeta chileno Pablo Neruda (1904-1973), do compositor Caetano Veloso e do arquiteto Oscar Niemeyer, entre outras personalidades.
"Convivi com alguns dos maiores intelectuais, escritores e artistas da segunda metade do século 20. Ao lado de Jorge Amado, tive o privilégio de registrar uma parte desta história", lembrou Zélia.
Os problemas de saúde da escritora e a crise financeira por que passa atualmente a Fundação Casa de Jorge Amado parecem não ter tido efeito sobre o ânimo da família. "Estamos trabalhando na digitalização de todo o acervo fotográfico de minha mãe. Recentemente, concluímos a revisão da identificação dos fotogramas", afirmou Paloma.
A intenção da família é doar o acervo para o projeto Memorial Jorge Amado, que ainda não saiu do papel por falta de investidores dispostos a bancar a reforma da casa comprada pelo escritor no começo da década de 60.
"Nós temos esperança na concretização deste projeto. Mas, até conseguirmos captar todo o [dinheiro para o] investimento, nós não vamos parar de trabalhar, porque a memória do meu pai tem de ser preservada por tudo o que ele representou para o Brasil", arrematou Paloma.


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