São Paulo, sexta-feira, 04 de novembro de 2011

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O CÓDIGO DANUZA

A escritora e colunista da Folha fala de "É Tudo Tão Simples" , seu 8º livro

Eduardo Knapp/Folhapress
Danuza Leão em seu apartamento, no Rio, com Haroldo, seu gato

CRISTINA GRILLO
DO RIO

Em um cesto, colocado em uma estante de seu apartamento em Ipanema, Danuza Leão guarda pulseiras e colares de marfim comprados nos tempos em que usar peças feitas de dentes de elefantes não era ato tão criminoso quanto usar casacos de pele.
Há tempos eles não saem de casa, para evitar olhares acusadores, o que deixa a escritora e colunista da Folha desolada. "Não fui eu quem matou o elefante!"
Às vésperas de lançar seu oitavo livro (que chega às livrarias na segunda, dia 7), Danuza não liga se for encarada como politicamente incorreta. "Não é porque inventaram que todos têm que ser politicamente corretos que eu vou mudar minha cabeça."
Quase 20 anos após "Na Sala com Danuza", "É Tudo Tão Simples" pode ser visto como uma atualização do manual da boa educação contemporânea que ficou semanas entre os mais vendidos.
Mas Danuza não pretende que o livro seja um guia. Sem meias verdades ou obrigação de agradar, oferece dicas para quem as quiser usar nesses tempos de celebridades, redes sociais e celulares que fazem de tudo, até telefonar.
"O livro fala de coisas verdadeiras, mas que ficou combinado que as pessoas não podem falar. Passam um açúcar por cima e não falam."
Danuza lista, por exemplo, o que mulheres -principalmente as acima dos 40- podem ou não fazer. Sugere também o que fazer se você -mulher ou homem- acorda um dia de manhã na casa de um quase desconhecido.
Em outro capítulo, conta que tem horror a reuniões de família. Natal com todos reunidos, nem pensar.
Usar a palavra "neto" ou ser chamada de avó está fora de cogitação. Os dois filhos e seis netos (desculpe, Danuza) sabem.
Não se trata, ela explica, de vaidade ou egoísmo. "É meio melancólica essa visão de netos e bisnetos.
Ninguém admite que ver a família reunida dá a sensação de que falta pouco tempo para o fim."
Mas, neste projeto, a família está (quase) toda reunida: Pinky Wainer, sua filha, foi consultora -"para me segurar um pouco", explica a autora-, e Rita, filha de Pinky, fez as ilustrações.
"Não sou uma mãe convencional, mas quem sabe o que é o certo? Brigamos como todas as famílias, mas logo depois esquecemos tudo, como em poucas famílias."

VUITTON ENCAPADA
Ex-modelo, ex-colunista social, ex-hostess de boate, Danuza pega suas malas Vuitton, encapadas com tecido marrom -nada pior que sair por aí exibindo grifes-, e vai a Paris duas vezes por ano. Nunca de classe econômica.
"Depois dos 45, é um problema de direitos humanos. Assim que volto de viagem, compro outra passagem [de classe executiva], em cinco vezes no cartão. É uma despesa fixa que tenho, como condomínio, luz, gás...", conta, no capítulo em que dá dicas para quem embarca pela primeira vez em um avião.
"Use uma calça de malha, dessas de jogging, camiseta, suéter e tênis All Star", ensina. E cuidado com a roupa íntima. Vai que o viajante dá o azar de ser escolhido para uma revista mais rigorosa. "Pensando nisso, use uma calcinha e um sutiã decentes -nada de fio dental- para não passar vergonha."
Fora as temporadas em Paris -e quatro ou cinco dias em Buenos Aires-, Danuza pouco sai de casa. Só vai a lugares de onde possa sair por conta própria, de táxi.
Não tem paciência para aturar celebridades em restaurantes da moda nem gente que fala alto e conta a vida em conversas pelo celular.

VESTIDA DE STEVE JOBS
Danuza desfilou para diversas grifes de alta costura em Paris, mas se desfez de roupas, bolsas e sapatos dos tempos em que circulava pelas noites cariocas.
No livro, diz que é perda de tempo guardar peças para usar quando emagrecer. "Isso não vai acontecer e, a cada vez que você olhar aquela peça do tempo em que era um palito, vai ficar deprimida."
Conta que agora se veste de Steve Jobs: calça jeans, tênis e camiseta preta. O closet do apartamento prova que ela conta a verdade: alguns pares de jeans, poucas camisetas, duas ou três roupas um pouco mais sofisticadas para eventos dos quais não tem como escapar e -inacreditável- várias gavetas vazias.
Danuza decidiu que não há a menor chance de fazer uma noite de autógrafos para lançar o livro. "Já tenho poucos amigos, não vou fazer isso com eles. É uma gentileza que faço não os constrangendo a ir a uma noite de autógrafos."

É TUDO TÃO SIMPLES
AUTORA Danuza Leão
EDITORA Agir
QUANTO R$ 34,90 (196 págs.)


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