São Paulo, sexta-feira, 04 de novembro de 2011

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CRÍTICA DRAMA

Filme norueguês segue cartilha da produção indie americana

PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Da Noruega, país bastante estranho a nós, espera-se um cinema igualmente singular.
Mas a lição dada por "Em Casa para o Natal" diz que, hoje, o atípico tornou-se um valor acessível a qualquer cineasta do planeta.
No caso do norueguês Bent Hamer, a visão de mundo de seu filme natalino coincide com produções do cinema independente americano.
A marca desse cinema indie -grosso modo, apresentar o prosaico e seres "comuns", com seus dramas, potências, fraquezas e esquisitices- está forte no espaço que "Em Casa para o Natal" dá para seus personagens.
O filme acompanha um punhado deles na véspera de Natal, numa pequena e nevada cidade da Noruega.
Quase todos estão em crise existencial, da apaixonada que recebe a visita rápida de seu amante ao alcoólatra cuja vida está arruinada. Ainda assim, o diretor dá espaço para algumas situações singelas ou amalucadas.
O homem que nocauteia o atual marido da ex-mulher para fazer o papel de Papai Noel aos filhos é o segundo caso. O primeiro está nos dois adolescentes apaixonados, ele sendo um norueguês católico e ela, uma imigrante.
Há, também, o médico com o casamento destemperado que vai atender uma paciente em trabalho de parto horas antes da ceia. É o mais importante personagem do filme, pois está afundado nessa situação desoladora, mas ainda ainda assim possui uma certa potência.
Se o filme não faz um forte retrato da vida, pelo menos seu diretor não é um cínico -como, por exemplo, Todd Solondz, um dos típicos cineastas desse tal cinema indie americano.
A prova está em seu americaníssimo (e melhor filme) "Factotum", adaptação do conto de Charles Bukowski, com Matt Dillon fazendo o protagonista Hank Chinaski.
Mesmo lidando com a mordacidade bukowskiana, Hamer destaca a beleza com a qual Hank escolheu viver. Esse olhar generoso está em "Em Casa para o Natal".

EM CASA PARA O NATAL
DIREÇÃO Bent Hamer
PRODUÇÃO Noruega/2010
COM Nina Andresen Borud, Trond Fausa Aurvaag
ONDE Frei Caneca Unibanco Arteplex e Reserva Cultural
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO regular


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