São Paulo, quarta, 4 de novembro de 1998

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POESIA
Brasileiro e mexicano são estrelas de evento internacional em Belo Horizonte
Bienal homenageia Mendes e Paz

CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

A Bienal Internacional de Poesia de Belo Horizonte começou ontem e reúne, até o dia 13, mais de 200 poetas de nove Estados brasileiros, além de convidados de nove países. Em sua primeira edição, o evento homenageia o brasileiro Murilo Mendes (1901-1975) e o mexicano Octavio Paz (1914-1998).
Segundo Marcelo Dolabela, um dos organizadores do evento, Mendes e Paz foram escolhidos por representarem a poesia surgida fora de seu eixo mais tradicional, a Europa, e ao mesmo tempo terem estabelecido um diálogo com diversas correntes.
Uma exposição de obras de arte do acervo da Casa Murilo Mendes, de Juiz de Fora (MG), exibe quadros acompanhados por um comentário do poeta sobre cada pintor. A mostra inclui obras de Portinari e Jean Arp.
O poeta chileno Raúl Zurita é o convidado especial para debater, com o tradutor Horácio Costa, de São Paulo, a trajetória intelectual de Octavio Paz e o panorama da poesia hispano-americana.
Torquato Neto também receberá uma homenagem especial com a interpretação de quase todas as canções escritas por ele. O show, da cantora Patrícia Amaral, estréia na bienal no próximo domingo.
Marcelo Dolabela, que fez a seleção do repertório, diz que existem 25 composições conhecidas de Torquato, feitas durante sua vida ou musicadas postumamente.
No último dia da bienal, o poeta uruguaio Clemente Padín vai debater a tradição barroca e o neobarroco na literatura latino-americana, enquanto os brasileiros Décio Pignatari e Valêncio Xavier falam sobre as relações entre prosa e poesia.
No mesmo dia, haverá também uma performance do francês Julien Blaine, um dos maiores nomes atuais da poesia experimental, e uma leitura conjunta dos poetas Juliana Spahr (EUA) e Régis Bonvicino, de São Paulo.
Segundo os organizadores, Spahr representa, ao lado de Robert Creeley e Michael Palmer, a nova poesia norte-americana, considerada quase minimalista devido a suas estruturas e temas reduzidos, no sentido contrário à tradição épica de, por exemplo, Walt Whitman (1819-1892).



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