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MAC não terá projeto de Niemeyer
Secretário da Cultura de SP diz que proposta do arquiteto, orçada em R$ 120 mi, "seria quase o valor de um novo prédio"
Para Niemeyer, parar o trabalho "é um pouco ruim'; segundo Sayad, estrutura atual será adaptada, ao custo de até R$ 50 mi
EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário estadual da Cultura, João Sayad, anunciou ontem que não vai mais realizar o
projeto do arquiteto Oscar Niemeyer, 100, para a readequação
do prédio do Detran (Departamento Estadual de Trânsito),
no parque Ibirapuera, onde será instalada a nova sede do
MAC-USP (Museu de Arte
Contemporânea da Universidade de São Paulo). Segundo
ele, a reforma "demoraria demais" e "ultrapassaria a atual
gestão da secretaria".
Além disso, teria havido contestações "ainda não formalizadas" de órgãos ligados à preservação de prédios históricos, como o Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico) e o Iphan
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Sayad disse que esteve com
Niemeyer há cerca de 15 dias
para comunicar a decisão. O arquiteto ficou contrariado. À
Folha ele disse ontem considerar que "o problema é do governador" José Serra, mas que, como se dedicava com afinco ao
trabalho, esperava que o projeto do museu saísse do papel.
"Parar o trabalho, a que eu e o
governador estávamos dando
tanta atenção, é um pouco
ruim", lamentou Niemeyer.
O arquiteto contou que "há
uns três, quatro dias" um emissário do governo paulista visitou-o no escritório, a fim de explicar as razões da decisão.
"Falta de dinheiro, foi o que ele
disse", afirmou Niemeyer sobre as explicações dadas pelo
representante de Serra, cujo
nome o arquiteto disse ter esquecido. Sobre a alegada falta
de dinheiro, limitou-se a falar:
"O problema é do governador,
não tenho nada a dizer".
As novas adaptações
De acordo com a proposta de
Niemeyer, custaria R$ 120 milhões a reforma do antigo Palácio da Agricultura, projeto original do próprio arquiteto carioca, entregue em 1954 como
parte das festividades do Quarto Centenário de São Paulo.
"Seria quase o valor de um
novo prédio", justificou Sayad à
Folha, adiantando que a nova
reforma deve ficar entre R$ 40
milhões e R$ 50 milhões. "Não
contratamos um novo escritório de arquitetura. Vamos apenas adaptar o ar-condicionado,
as escadas e a vedação das janelas. Ou seja, vamos usar o mesmo edifício, com as características que tem hoje, atendendo
plenamente às necessidades do
MAC. Esperamos que tudo esteja pronto até o fim de 2009."
O prazo anterior era junho.
Atualmente dividido entre
um prédio na Cidade Universitária e um andar no Pavilhão da
Bienal, também no Ibirapuera,
o MAC-USP tem um acervo de
cerca de 8.000 obras, entre elas
peças de Modigliani, Picasso e
Tarsila do Amaral. O acervo
nasceu a partir da coleção do
mecenas Ciccillo Matarazzo
(1892-1977), doada à universidade e que fazia parte da primeira fase do MAM (Museu de
Arte Moderna) paulistano.
Sayad descartou a hipótese
de a decisão ter sido motivada
por uma priorização do projeto
do Teatro da Dança, do escritório suíço Herzog & De Meuron,
que custará R$ 300 milhões.
Colaborou SERGIO TORRES , da Sucursal do Rio.
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