São Paulo, sexta-feira, 04 de dezembro de 2009

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MinC compra acervo de 40 filmes

Ministério da Cultura, Cinemateca, prefeitura de São Bernardo e família herdeira finalizam negociações sobre Vera Cruz

Projeto inclui criação de um memorial que abrigará mais de 10 mil fotos, cenários e figurinos; nome poderá ser usado para fins históricos


DA REPORTAGEM LOCAL

O projeto de revitalização dos antigos estúdios da Vera Cruz inclui o tombamento do acervo de 40 longas-metragens e cerca de 10 mil fotos, hoje guardadas no Museu da Imagem e do Som (MIS).
Há, ainda, pôsteres, documentos, fichas de empregados que estão sob a tutela da família Khouri, na rua Martins Fontes, região central de São Paulo.
O acordo, alinhavado entre Cinemateca, Ministério da Cultura, prefeitura de São Bernardo e família, é tratado, publicamente, com cautela, já que o contrato ainda não foi assinado. Mas o anúncio da compra e do tombamento do acervo estão programados para o dia 15. "Nosso interesse é que isso tudo seja preservado e disponibilizado", diz Fred Khouri, responsável pela empresa Vera Cruz.
Os cuidados no tratamento público do assunto se justificam. O uso indevido do nome Vera Cruz e de material iconográfico sem autorização da família já rendeu vários processos judiciais. "Desde os anos 1970, aquilo é só um prédio, não é a Vera Cruz", diz o pesquisador Sergio Martinelli, explicando a confusão que tem origem em questões empresariais. "As pessoas confundem o terreno com a mitologia. A Vera Cruz, empresa, tem um escritório em São Paulo desde os anos 1970."
Para desatar o nó, é preciso voltar na história dos estúdios criados por Franco Zampari. Com equipamentos de ponta, profissionais experimentados e produções ambiciosas, os "anos de ouro", entre 1949 e 1954, produziram sucessos de bilheteria, mas pouco renderam para a empresa, que deixou a distribuição a cargo de subsidiárias de Hollywood. "A bilheteria acabava não voltando para a Vera Cruz", diz Martinelli.
Endividado, Zampari teve de entregar os estúdios ao Banco do Estado de São Paulo. Uma nova empresa, a Brasil Filmes, garantiu a continuidade da produção, nos anos 1960. Uma terceira fase teria início em 1973, quando a manutenção dos estúdios se tornou inviável e os irmãos Walter Hugo e William Khouri trouxeram a empresa para São Paulo.
"Parece que a Vera Cruz é só um nome que todo mundo pode usar", diz Khouri. Foi por uso indevido da marca que a família abriu processos contra a prefeitura de São Bernardo, uma empresa da cidade e até contra um bar.
De acordo com Khouri, foi acertado, com a prefeitura de São Bernardo, que, no novo projeto, o nome Vera Cruz poderá ser usado para fins históricos. (ANA PAULA SOUSA)


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