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MinC compra acervo de 40 filmes
Ministério da Cultura, Cinemateca, prefeitura de São Bernardo e família herdeira finalizam negociações sobre Vera Cruz
Projeto inclui criação de um memorial que abrigará mais de 10 mil fotos, cenários e figurinos; nome poderá ser usado para fins históricos
DA REPORTAGEM LOCAL
O projeto de revitalização
dos antigos estúdios da Vera
Cruz inclui o tombamento do
acervo de 40 longas-metragens
e cerca de 10 mil fotos, hoje
guardadas no Museu da Imagem e do Som (MIS).
Há, ainda, pôsteres, documentos, fichas de empregados
que estão sob a tutela da família
Khouri, na rua Martins Fontes,
região central de São Paulo.
O acordo, alinhavado entre
Cinemateca, Ministério da Cultura, prefeitura de São Bernardo e família, é tratado, publicamente, com cautela, já que o
contrato ainda não foi assinado. Mas o anúncio da compra e
do tombamento do acervo estão programados para o dia 15.
"Nosso interesse é que isso tudo seja preservado e disponibilizado", diz Fred Khouri, responsável pela empresa Vera
Cruz.
Os cuidados no tratamento
público do assunto se justificam. O uso indevido do nome
Vera Cruz e de material iconográfico sem autorização da família já rendeu vários processos judiciais. "Desde os anos
1970, aquilo é só um prédio, não
é a Vera Cruz", diz o pesquisador Sergio Martinelli, explicando a confusão que tem origem
em questões empresariais. "As
pessoas confundem o terreno
com a mitologia. A Vera Cruz,
empresa, tem um escritório em
São Paulo desde os anos 1970."
Para desatar o nó, é preciso
voltar na história dos estúdios
criados por Franco Zampari.
Com equipamentos de ponta,
profissionais experimentados e
produções ambiciosas, os "anos
de ouro", entre 1949 e 1954,
produziram sucessos de bilheteria, mas pouco renderam para a empresa, que deixou a distribuição a cargo de subsidiárias de Hollywood. "A bilheteria acabava não voltando para a
Vera Cruz", diz Martinelli.
Endividado, Zampari teve de
entregar os estúdios ao Banco
do Estado de São Paulo. Uma
nova empresa, a Brasil Filmes,
garantiu a continuidade da produção, nos anos 1960. Uma terceira fase teria início em 1973,
quando a manutenção dos estúdios se tornou inviável e os irmãos Walter Hugo e William
Khouri trouxeram a empresa
para São Paulo.
"Parece que a Vera Cruz é só
um nome que todo mundo pode usar", diz Khouri. Foi por
uso indevido da marca que a família abriu processos contra a
prefeitura de São Bernardo,
uma empresa da cidade e até
contra um bar.
De acordo com Khouri, foi
acertado, com a prefeitura de
São Bernardo, que, no novo
projeto, o nome Vera Cruz poderá ser usado para fins históricos.
(ANA PAULA SOUSA)
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