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Crítica/"Atividade Paranormal"
Ótimo filme B, suspense se orgulha em parecer vagabundo
ANDRÉ BARCINSKI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Viva o cinema B! Enquanto novos filmes independentes usam tecnologia barata para parecer
mais caros do que são, surge um
que se orgulha de parecer vagabundo: "Atividade Paranormal". Nada de efeitos especiais,
computação gráfica ou imagens
envernizadas de comercial de
TV. "Atividade Paranormal" é
um ótimo filme B, desses que
fariam Roger Corman ou Samuel Fuller orgulhosos.
É justamente da ausência de
recursos que o diretor estreante Oren Peli tira a beleza do filme. "Atividade Paranormal"
custou a mixaria de 15 mil dólares, tem quatro atores e é passado inteiramente dentro de
uma casa. Tinha tudo para ser
um abacaxi. Mas sua história
simples, envolvente e cheia de
suspense envolve o espectador.
No filme, Katie e Micah (os
ótimos e desconhecidos Katie
Featherston e Micah Sloat)
veem suas vidas abaladas quando ela diz estar sendo perseguida por um fantasma. O marido
é cético e zomba da história da
mulher. Para provar que fantasmas não existem, ele compra uma velha câmera de vídeo
e resolve filmar o dia a dia da
casa, inclusive gravando seu
quarto durante a noite. O resultado é assustador.
Assim como outro grande sucesso do cinema independente,
"A Bruxa de Blair" (1999), "Atividade Paranormal" finge ser
um documentário (no caso,
uma fita achada pela polícia) e
tem um perturbador visual granulado de "cinéma verité". Mas
sua narrativa é mais radical e
inventiva que a de "Blair".
Todas as cenas de "Atividade
Paranormal" vêm da câmera de
Micah, ou seja, ele é ao mesmo
tempo personagem e narrador
da história. A rigor, o longa não
tem montagem. Acompanhamos tudo em longuíssimos planos-sequência, que só terminam quando a câmera é desligada. O filme também não tem
música, apenas efeitos sonoros
simples e engenhosos.
"Atividade Paranormal" consegue assustar sem ter um efeito especial sequer. Vai na contramão da escola "Jogos Mortais" de terror, que prefere atacar o espectador com uma
"blitzkrieg" de imagens chocantes e sanguinolentas.
Em "Atividade Paranormal",
o poder da sugestão volta ao cinema de suspense, fazendo
uma ponte com clássicos do
terror psicológico como "Desafio ao Além" (Robert Wise,
1963) e "O Bebê de Rosemary"
(Roman Polanski, 1968). Oren
Peli ainda não está na mesma
liga que Wise e Polanski, mas
começou muito bem.
ATIVIDADE PARANORMAL
Direção: Oren Peli
Produção: EUA, 2009
Com: Katie Featherston e Micah Sloat
Onde: estreia no Anália Franco UCI,
Center Norte Cinemark e circuito
Classificação: não recomendado a
menores de 16 anos
Avaliação: ótimo
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