São Paulo, sábado, 04 de dezembro de 2010 |
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A alma encantadora das ruas (de Paris) Livro de Robert Doisneau traz centenas de imagens da capital francesa, inclusive "O Beijo do Hôtel de Ville" Famoso beijo retratado em 1950 e imortalizado em pôsteres mundo afora foi encenado a pedido do fotógrafo ROBERTO KAZ DE SÃO PAULO Em 1950, Françoise Bornet, uma jovem atriz, trocava beijos com o namorado, em Paris, quando foi abordada pelo fotógrafo Robert Doisneau (1912-1994). Qual um tarado diante do objeto de fetiche (no caso, o instante perfeito), Doisneau pediu que o beijo se repetisse, para um ensaio fotográfico encomendado pela revista americana "Life". Françoise declarou, anos depois, ter adorado: "Nós estávamos acostumados a beijar. Fazíamos isso o tempo todo". Doisneau levou o casal, então, para três locais de Paris: a Place de la Concorde, a Rue de Rivoli e o Hôtel de Ville, pedindo que os dois se entrelaçassem com volúpia. Resultou, daí, "O Beijo do Hôtel de Ville" -foto-ícone do romantismo parisiense dos anos 1950. A imagem integra o livro "Paris Doisneau", publicado em 2009 na França, pela Flammarion, e relançado no mês passado, no Brasil, pela Cosac Naify. A publicação traz cerca de 500 imagens de atrizes, bêbados, açougueiros, crianças, cães, mercados, praças, pontes -todas com a cidade luz ao fundo. O crítico de fotografia Eder Chiodetto, curador do Clube de Fotografia do MAM-SP, diz que Doisneau, como Henri Cartier-Bresson, é "um ícone da escola francesa que fez carreira na calçada". Chiodetto acredita que a imagem do beijo, embora encenada, nada deva à realidade. "Doisneau soube orquestrar algo que existia. Era um momento de otimismo, após a Segunda Guerra Mundial. De fato, namorava-se muito nas ruas de Paris." Para casais apaixonados mundo afora, a fotografia foi alçada a símbolo do amor romântico. Para a jovem do beijo, rebaixada a uma longínqua memória. O namoro foi desfeito poucos meses após o retrato. PARIS DOISNEAU TRADUÇÃO Célia Euvaldo EDITORA Cosac Naify QUANTO R$ 110,00 (400 págs.) Texto Anterior: Não Ficção Próximo Texto: Crítica/Memórias: Autobiografia desvenda a comovente violência do arquiteto Tadao Ando Índice | Comunicar Erros |
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