ARTICULISTA DA FOLHA

O nome de Osvaldo Golijov já era conhecido nos circuitos da música contemporânea há algum tempo; mas foi a estréia de "La Pasión Según San Marcos", em 2000, que fez dele um dos mais festejados compositores de vanguarda na cena norte-americana.
Nascido em 1960 em La Plata (Argentina) e radicado nos Estados Unidos desde 1986, Golijov dá aulas no Conservatório de Boston e no festival de Tanglewood, além de ser o "composer in residence" da Filarmônica de Los Angeles.
Tanto maior o interesse desse CD, que reúne peças mais antigas, escritas para o St. Lawrence String Quartet. E tanto maior o desconforto. Bebendo em fontes que vão de Piazzolla à música tradicional judaica, Golijov causa impacto com os efeitos sonoros (legado de seus professor George Crumb) e da expressividade direta (no limite do pastiche, seja de tangos, seja da música klezmer). Mas efeito e expressão não parecem o bastante para sustentar as altas pretensões da música, que só aqui e ali consegue tirar a máscara.
De fora, só se compreende a euforia causada por Golijov no quadro particular da cultura americana. Neste contexto, o surgimento de um compositor argentino judeu de Boston, escrevendo vanguarda fácil de ouvir, parece bom demais para ser verdade. Fora de lá, tais interesses não têm o mesmo interesse, e essa música, tão nostálgica do rio da Plata, e tão competente no manejo das saudades, parece fadada a engrossar o rio do Meio, caudaloso afluente do rio do Esquecimento. (AN)

Yiddishbbuk, de Osvaldo Golijov   
Artista: St. Lawrence String Quartet
Lançamento: EMI (importado)
Quanto: não definido