São Paulo, segunda-feira, 05 de fevereiro de 2007

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Fatboy vira folião de Carnaval

DJ britânico faz nova excursão pelo país, incluindo performance em um trio elétrico em Salvador

Em "ano sabático", ele prepara musical sobre Imelda Marcos com David Byrne e diz que vai se "reinventar" em disco

ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Aos tradicionais confetes, serpentinas, marchinhas, sambas e axés, o Carnaval soma mais um hábito: Fatboy Slim. Pelo terceiro ano consecutivo, o DJ e produtor inglês Norman Cook, famoso por seu codinome, animará a festa brasileira. Como em 2006, ele é atração de um trio elétrico em Salvador, desfilando no circuito Barra-Ondina, o mesmo por onde arrastou milhares de foliões.
Sua temporada no Brasil começou no dia 1º, em Recife (onde sua performance teve de ser interrompida por quase uma hora devido a um apagão), e inclui 11 cidades, entre elas, São Paulo, onde ele toca nesta sexta (veja no quadro ao lado).
Essa turnê, diz ele, é a única de 2007, considerado seu "período sabático", dedicado à produção de remixes, do quinto álbum de Fatboy Slim e de duas trilhas sonoras: um musical sobre a ex-ditadora filipina Imelda Marcos, em parceria com David Byrne, e outra de um filme feito em Cuba.
"No ano passado, comecei minha turnê na Austrália, tocando em uma festa de Ano Novo na praia, e continuei discotecando toda semana, até setembro. Não vi muito minha família e senti falta dos amigos", lembra. "Neste ano, disse a meu "manager" que não iria viajar, porque estou em estúdio. Mas, então, ele me perguntou sobre o Brasil. "Claro que vou ao Brasil". É uma exceção", afirma, sem esconder a demagogia.
Seu namoro com os brasileiros começou em 2000, quando estreou no extinto Free Jazz Festival. Depois disso, o DJ voltou outras três vezes. Numa delas, em 2004, tocou para 150 mil pessoas na praia do Flamengo, no Rio de Janeiro.
A experiência, conta, o inspirou a fazer o disco "Fala Aí!" (2006). "Passei muitos momentos fantásticos em seu país e decidi capturar isso num CD. Quando toquei no Rio, fiz uma canção para a ocasião. Achei que também precisava de um álbum especial para o Brasil."
Além de "Fala Aí!", Cook agora experimenta parcerias com artistas locais, como a cantora Daniela Mercury, com quem criou "Just a Brazilian Groove". "Fizemos essa música nos últimos dois meses, por e-mail e telefone. Mandei algumas batidas e ela enviou os vocais."

Nada de axé
Ao contrário de sua última vez no Carnaval, quando alardeou em entrevistas que estava "estudando axé", neste ano Fatboy Slim nem pensa no estilo. "Todos me disseram: "por favor, não toque isso". Então, conclui que é coisa para profissionais. Posso incorporar alguns elementos ao set, mas nunca será a mesma coisa."
Ele fala que prefere deixar os ritmos carnavalescos por conta de nossos DJs: "Se Deus quiser, Marky e Patife tocarão comigo novamente". Os dois, que o acompanharam em sua primeira vez no trio elétrico, estão entre seus preferidos. "Marky é o melhor DJ do mundo. Ele me faz sentir mal, porque é brilhante. Está numa classe diferente da minha, em termos de técnica, de fazer scratches."
Fatboy Slim não precisou dominar os toca-discos tecnicamente, como Marky, para se tornar um dos mais conhecidos DJs do mundo. Foi pelo "feeling", como diz, que ele renovou a música eletrônica em 1998, quando lançou o clássico "You"ve Come a Long Way, Baby", no qual misturava rock, funk, rap, tecno, house e afins. "Criei o Fatboy Slim porque a house estava chata. Decidi adicionar outros elementos, como o hip hop, e mixar tudo."
De lá para cá, no entanto, suas produções como Fatboy Slim vêm sendo cada vez mais criticadas pela falta de criatividade -assim como a de contemporâneos, como o Chemical Brothers. Talvez seja por isso que, aos 42 anos, o DJ quer se reinventar. "A única idéia que tenho no momento é que será um disco totalmente diferente. Estou procurando um novo som, será uma controversa mudança de direção."


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