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Fatboy vira folião de Carnaval
DJ britânico faz nova excursão pelo país, incluindo performance em um trio elétrico em Salvador
Em "ano sabático", ele prepara musical sobre Imelda Marcos com David Byrne e diz que vai se "reinventar" em disco
ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Aos tradicionais confetes,
serpentinas, marchinhas, sambas e axés, o Carnaval soma
mais um hábito: Fatboy Slim.
Pelo terceiro ano consecutivo,
o DJ e produtor inglês Norman
Cook, famoso por seu codinome, animará a festa brasileira.
Como em 2006, ele é atração de
um trio elétrico em Salvador,
desfilando no circuito Barra-Ondina, o mesmo por onde arrastou milhares de foliões.
Sua temporada no Brasil começou no dia 1º, em Recife (onde sua performance teve de ser
interrompida por quase uma
hora devido a um apagão), e inclui 11 cidades, entre elas, São
Paulo, onde ele toca nesta sexta
(veja no quadro ao lado).
Essa turnê, diz ele, é a única
de 2007, considerado seu "período sabático", dedicado à produção de remixes, do quinto álbum de Fatboy Slim e de duas
trilhas sonoras: um musical sobre a ex-ditadora filipina Imelda Marcos, em parceria com
David Byrne, e outra de um filme feito em Cuba.
"No ano passado, comecei
minha turnê na Austrália, tocando em uma festa de Ano Novo na praia, e continuei discotecando toda semana, até setembro. Não vi muito minha família e senti falta dos amigos",
lembra. "Neste ano, disse a meu
"manager" que não iria viajar,
porque estou em estúdio. Mas,
então, ele me perguntou sobre
o Brasil. "Claro que vou ao Brasil". É uma exceção", afirma,
sem esconder a demagogia.
Seu namoro com os brasileiros começou em 2000, quando
estreou no extinto Free Jazz
Festival. Depois disso, o DJ voltou outras três vezes. Numa delas, em 2004, tocou para 150
mil pessoas na praia do Flamengo, no Rio de Janeiro.
A experiência, conta, o inspirou a fazer o disco "Fala Aí!"
(2006). "Passei muitos momentos fantásticos em seu país
e decidi capturar isso num CD.
Quando toquei no Rio, fiz uma
canção para a ocasião. Achei
que também precisava de um
álbum especial para o Brasil."
Além de "Fala Aí!", Cook agora experimenta parcerias com
artistas locais, como a cantora
Daniela Mercury, com quem
criou "Just a Brazilian Groove".
"Fizemos essa música nos últimos dois meses, por e-mail e telefone. Mandei algumas batidas e ela enviou os vocais."
Nada de axé
Ao contrário de sua última
vez no Carnaval, quando alardeou em entrevistas que estava
"estudando axé", neste ano
Fatboy Slim nem pensa no estilo. "Todos me disseram: "por favor, não toque isso". Então, conclui que é coisa para profissionais. Posso incorporar alguns
elementos ao set, mas nunca
será a mesma coisa."
Ele fala que prefere deixar os
ritmos carnavalescos por conta
de nossos DJs: "Se Deus quiser,
Marky e Patife tocarão comigo
novamente". Os dois, que o
acompanharam em sua primeira vez no trio elétrico, estão entre seus preferidos. "Marky é o
melhor DJ do mundo. Ele me
faz sentir mal, porque é brilhante. Está numa classe diferente da minha, em termos de
técnica, de fazer scratches."
Fatboy Slim não precisou dominar os toca-discos tecnicamente, como Marky, para se
tornar um dos mais conhecidos
DJs do mundo. Foi pelo "feeling", como diz, que ele renovou
a música eletrônica em 1998,
quando lançou o clássico
"You"ve Come a Long Way,
Baby", no qual misturava rock,
funk, rap, tecno, house e afins.
"Criei o Fatboy Slim porque a
house estava chata. Decidi adicionar outros elementos, como
o hip hop, e mixar tudo."
De lá para cá, no entanto,
suas produções como Fatboy
Slim vêm sendo cada vez mais
criticadas pela falta de criatividade -assim como a de contemporâneos, como o Chemical Brothers. Talvez seja por isso que, aos 42 anos, o DJ quer
se reinventar. "A única idéia
que tenho no momento é que
será um disco totalmente diferente. Estou procurando um
novo som, será uma controversa mudança de direção."
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