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Estrelas
da manhã
HELOISA SEIXAS
Em contato com as costas, o lençol era um emplastro quente, amarrotado e
maldito. Como ele próprio,
vítima desse mal terrível
que são as noites insones. Já
tentara de tudo, todas as
posições, pensara em carneiros, números, chamas
de velas, orações. Nada. Levantou-se. Tinha por norma não olhar o relógio para
não aumentar a angústia,
mas pressentia, pela nesga
de céu que via da cama, que
o dia não tardava. De fato.
Lá estava, no céu: a estrela
da manhã. Lúcifer. Deu um
suspiro. Há qualquer coisa
de Lúcifer em quem sofre
de insônia, pensou. Os anjos caídos somos nós.
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